Tufão Kalmaegi: Filipinas declaram estado de calamidade e estão diante da ameaça de novo supertufão

O Governo das Filipinas declarou estado nacional de calamidade após a devastação causada pelo tufão Kalmaegi, e diante da ameaça de um novo supertufão que poderá atingir o norte do país nos próximos dias.

A medida permitirá o acesso a fundos emergenciais, o controlo de preços de bens essenciais e a mobilização rápida de assistência e recursos para as áreas mais afetadas.

Milhões afetados e centenas de vítimas

De acordo com o Conselho Nacional de Gestão e Redução de Riscos de Desastres, Ndrrmc na sigla em inglês, 2,4 milhões de pessoas, 680 mil famílias, foram afetadas em oito regiões, com 153 mortos, 135 feridos e 86 desaparecidos.

As regiões mais afetadas incluem Cebu, Leyte, Negros Occidental e Dinagat Islands, onde chuvas torrenciais e deslizamentos de terra causaram grande destruição.

Em Cebu, foram registados mais de 111 mortos e 87 mil famílias deslocadas, enquanto em Dinagat Islands cerca de 36% da população foi obrigada a deixar suas casas.

O Ndrrmc também reporta 12.600 habitações danificadas, sendo 487 destruídas totalmente, e extensos danos a infraestruturas, agricultura e educação. Estima-se que as perdas cheguem a US$ 476 mil, entre danos agrícolas e estruturais.

Educação e abrigos sobrecarregados

O setor educacional sofreu forte impacto, com 1,9 milhão de estudantes e 79 mil profissionais afetados. Mais de 3.400 escolas suspenderam as aulas, e 412 foram convertidas em abrigos temporários.

O Departamento de Educação estima custos superiores a US$ 32 milhões para limpeza, reconstrução e reparos em quase 3.300 salas de aula danificadas.

Nos abrigos, que acolhem mais de 302 mil pessoas, a superlotação e a falta de água potável continuam a agravar os riscos de doenças e problemas de proteção, especialmente entre mulheres e crianças.

Governo lidera resposta e recuperação

O governo filipino, com o apoio da Departamento de Bem-Estar Social e Desenvolvimento, Dswd na sigla em inglês, e da Defesa Civil, já destinou mais de US$ 2,2 milhões em assistência emergencial.

Equipes de resgate continuam as operações em áreas de difícil acesso, enquanto as autoridades iniciam avaliações rápidas de danos e necessidades.
Mais de 80 cidades e municípios também declararam estados locais de calamidade para aceder a fundos de emergência.

Diversos grupos humanitários e agências da ONU apoiam os esforços nacionais.
O Cluster de Saúde monitora surtos e garante o fornecimento de medicamentos, enquanto o Cluster de Abrigo mobiliza kits de reparo e itens não alimentares. O Cluster de Educação, com organizações como Save the Children e Educo, fornece material escolar e espaços temporários de aprendizagem.

O Programa Alimentar Mundial, WFP, e parceiros logísticos apoiam o transporte de alimentos e comunicações de emergência. Já o Unicef e o Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, trabalham com autoridades locais para suprir necessidades básicas e reforçar a proteção de grupos vulneráveis.

Novo supertufão aproxima-se do norte do país

As previsões meteorológicas indicam que o tufão Fung-Wong poderá intensificar-se até supertufão e atingir Luzon, no norte das Filipinas, neste fim de semana.

O governo iniciou planos de evacuação antecipada e campanhas de informação, dada a amplitude da tempestade, que poderá alcançar 1.400 km de diâmetro, cobrindo quase todo o território nacional.

Em resposta ao alerta, o Fundo Central de Resposta a Emergências, Cerf na sigla em inglês, ativou o mecanismo de Ação Antecipatória, destinando US$ 6 milhões a cinco agências da ONU para apoiar ações preventivas e de resposta rápida.

Entre as medidas já em curso estão transferências em dinheiro para agricultores e pescadores, conduzidas pela FAO, e a pré-instalação de tendas modulares pelo OIM em Cagayan, Isabela e Aurora.
O PAM, o Unicef e o Unfpa coordenam o envio de suprimentos essenciais e reforçam a logística em cooperação com autoridades locais.

Solidariedade e preparação

O Coordenador Residente das Nações Unidas nas Filipinas expressou solidariedade ao governo e às comunidades afetadas, sublinhando a importância da cooperação e preparação conjunta diante de eventos climáticos cada vez mais frequentes e severos.

Enquanto o país ainda contabiliza os estragos do tufão Kalmaegi, os esforços concentram-se agora em proteger vidas e meios de subsistência antes da chegada iminente de mais uma tempestade potencialmente devastadora.