Desde o início do conflito armado na província moçambicana de Cabo Delgado, norte de Moçambique, em 2017, mais de 1,3 milhão de pessoas foram deslocadas, apanhadas entre a insegurança, a perda e a repetição de deslocamentos.
Muitos dos deslocados anteriormente tinham a agricultura como sua atividade para o sustento das famílias em porções de terras variáveis nos locais onde viviam. Mas com os ataques dos grupos armados, milhares de homens e mulheres foram obrigados a abandonarem suas casas e fontes de sobrevivência.
Medo, luto e a insegurança
Para apoiar essas pessoas, a Organização Internacional para Migrações, OIM, desenvolveu um programa de costura que oferece uma nova forma de renda de sustento para quem foi obrigado a deixar uma vida inteira para trás por causa do terror.
Fiha Amade e a sua família conta que perderam tudo: casa, pertences e meios de subsistência. O conflito, deixou cicatrizes psicológicas. Na mente de Fiha reina o medo, o luto e a insegurança.
Com 61 anos, ele é responsável por uma família de oito pessoas. Fiha Amade conta que deixou tudo para trás. A prática da agricultura era a sua atividade para o sustento da família.
Hoje, deslocado interno, abraçou a costura como terapia junto de outros membros integrantes de uma associação criada sob a iniciativa da Organização Internacional para Migrações, OIM. Fiha Amade diz estar integrado e feliz pela iniciativa.
Em Moçambique, a OIM desenvolve atividades comunitárias que promovem o bem-estar mental, desenvolvem a resiliência e fortalecem a coesão social
A costura novo desafio e adaptação
“A ideia da criação da associação foi da OIM. Quando chegaram aqui e viram que nós estávamos com as mãos cruzadas e acomodados na sombra de um cajueiro, então eles aconselharam-nos para criar a Associação para não ficarmos de mãos cruzadas. Começamos com grupo de 20 na Associação dos quais foram distribuídas oito máquinas. Nós, atualmente, precisamos de 12 máquinas de costura para completar todos os membros, 20.”
A Associação é uma iniciativa de subsistência e um espaço de ligação. Os membros ensinam uns aos outros as novas técnicas, partilham preocupações e experiências, apoiam-se mutuamente e aprendem mais sobre saúde mental, respeito e como garantir que todos se sintam seguros, e como obter ajuda caso alguém cometa algum abuso de poder.
É no distrito de Metuge, em Cabo Delgado, onde a OIM disponibiliza apoio psicossocial e de saúde mental para deslocados internos, assim como, para às comunidades acolhedoras através de várias iniciativas.
Apoio Psicossocial
A Associação é resultado do projeto “costura e alfaiataria no Centro de Reassentamento de Nicavaco, organizado pelo programa de Proteção e Apoio Psicossocial e Saúde Mental da OIM.
Nesta Associação, faz parte Nrúria Amade que com a sua família fugiram várias vezes dos conflitos. Perderam tudo. A integração na associação foi fácil pois tinha as noções de costura.
Nrúria diz ter aprendido a costurar com o seu irmão mais velho quando era criança. Do aprendizado partilha o que assimilou com os membros da associação. Ele diz que com a costura consegue algum dinheiro, porém precisa de apoio para aumentar a produção.
Acessórios e aumento da produção
“Mudou porque estou a trabalhar na costura, apanho qualquer coisa e vou a machamba também, agora a vida está a melhorar pouco a pouco. Eu peço que a OIM aumente as capulanas para cosermos uniformes, ferro de engomar, linhas, botões e lâmpadas para podermos trabalhar a noite. Pedimos a OIM que aumentem as máquinas para caminharmos em frente.”
Celestino Pius, 50 anos de idade, um dos membros fundadores da associação, conta que fugiu da violência em Muidumbe com sete membros da família.
Nunca imaginou viver em Metuge, assim como viver de sustento na base da costura, pois no passado sua atividade era agricultura.
Embora as razões da violência que causou seu deslocamento permaneçam obscuras, Celestino opta por se concentrar na vida que está construindo em Metuge
Costura e sobrevivência
“Antes de eu receber estas máquinas, eu sempre andava na agricultura para procurar a vida. Quando entrei na costura até, hoje em dia, já estou a ver minha em vida sim esta um porco normal, a partir da alimentação da minha família, porque quando costuro, vendo e então o dinheiro compro caril, arroz, comida e também o outro valor levo para a escola a fim de ajudar as crianças.”
Esta iniciativa da OIM permitiu que a associação produza uniformes escolares para crianças deslocadas, identificadas pela equipa de campo da OIM, com dificuldades de frequentar a escola.
Muitas destas crianças tinham perdido os seus pertences e documentos durante o conflito em Cabo Delgado e o impacto do ciclone Chido em dezembro de 2024.
A OIM apoiou e encaminhou as crianças para a matrícula escolar, providenciou materiais e a associação costurou uniformes que lhes permitiram retornar às aulas.
Alegria na comunidade
Awa Said, deslocada de Mocímboa da Praia em 2019, está satisfeita com surgimento da associação dos alfaiates. Ela diz que o impacto foi imediato, pois “uma criança sem uniforme adequado, não pode ir à escola”, mas o cenário mudou com a existência do projeto.
“Agora a minha filha Nhamo pode ir à escola pode ir e pelo menos aprender a escrever o seu nome. Não lhe vai faltar uniforme pois ela está entre as crianças deslocadas que recebem uniformes feitos pela associação. Ela gosta de matemática e quer ser uma motorista quando crescer”
A história do grupo reflete uma realidade mais ampla em Cabo Delgado. A exposição à violência, as deslocações recorrentes e a incerteza contribuíram para o aumento das necessidades de saúde mental e de apoio psicossocial.
Os atores humanitários e de desenvolvimento, incluindo a OIM, estão a aumentar o apoio psicossocial de base comunitária para responder a estas necessidades, mas a magnitude da crise continua a sobrecarregar os serviços disponíveis.
Em 2025, mais de 20.000 pessoas foram alcançadas em Metuge, através do suporte da OIM e do programa de Proteção e Apoio Psicossocial e à Saúde Mental da OIM.
Dados do Acnur indicam que desde inicio do conflito em 2017, mais de 1,3 milhão de moçambicanos se tornaram deslocados internos e o plano humanitário de 2025 precisa de US$ 352 milhões.
*Texto adaptado por Ouri Pota, correspondente da ONU News em Maputo, do original “Sewing is Their New Weapon to Fight for Mental Peace” Foto @ Amanda Nero /OIM 2025
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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