As expectativas e esperanças crescem em Gaza com o avanço de um acordo de paz, baseado em uma proposta feito pelos Estados Unidos.
Segundo agências de notícias, o Conselho de Ministros de Israel deve endossar o acordo ainda nesta quinta-feira. Um cessar-fogo pode começar em Gaza dentro de 24 horas após a aprovação. O acordo também inclui um prazo de 72 horas durante o qual o Hamas deve libertar os reféns restantes, vivos e mortos.
Infância apagada
A ONU News conversou com o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Ricardo Pires, que afirmou que ainda existem relatos de bombardeios no norte e no sul de Gaza.
“Eu acho que de imediato a gente precisa de um cessar-fogo. Que a violência pare, que as armas silenciem, que não haja mais explosões, ataques aéreos a tendas e lugares onde as crianças e as famílias estão temporariamente buscando abrigo. Que não haja mais a morte indiscriminada de crianças ou de seus familiares. Que isso realmente acabe. Que a partir de hoje ou de amanhã, ou quando quer que esse cessar-fogo seja confirmado, que o processo de recuperação de Gaza comece, inclusive das crianças que realmente estão traumatizadas. Muitas nasceram na guerra, mas muitas também tiveram que crescer e se desenvolver dentro de um cenário de violência”.
Unicef fala da esperança de reconstruir a vida das crianças em Gaza
O representante do Unicef ressaltou que Gaza se tornou “um cemitério para crianças”, com mais de 20 mil mortas e outras milhares feridas e mutiladas.
Ele disse que a agência vê o novo momento com esperança, pois pode significar a que as crianças reconstruam suas vidas e voltem a ter uma infância, algo que, segundo ele, “foi quase apagado de Gaza nos últimos dois anos”.
Abertura dos corredores humanitários
Pires fez um apelo para que a entrada de ajuda no enclave após o eventual cessar-fogo inclua todos os itens necessários para atender necessidades urgentes dos menores.
“Por mais organizada que seja a logística, a demanda é muito grande devido a situação catastrófica e desesperadora da população. Ou seja, precisamos de mais corredores abertos, de todos os corredores abertos para que realmente a quantidade de ajuda humanitária entre. Ajuda humanitária não é só nutrição, água, medicamento. São incubadoras, cadeiras de roda, partes mecânicas de infraestrutura que precisam ser reconstruídas, infraestrutura de água, saneamento básico. São vários itens que precisam entrar urgentemente e que tem sido bloqueados de entrar. Ou seja, com esse cessar-fogo a gente espera que essa situação mude”.
Uma mãe sentada ao lado da cama de sua filha de nove anos em um hospital na Cidade de Gaza em 25 de agosto de 2025
Prioridade é combater a desnutrição
O porta-voz ressaltou que uma das prioridades da agência será combater a desnutrição entre menores, afirmando que a situação piorou desde agosto, quando foi declarada fome em Gaza.
Estima-se que mais de 54,6 mil crianças sofram de desnutrição aguda, sendo que 12,8 mil delas estão em estado grave, com poucas opções terapêuticas disponíveis.
“Então a questão da nutrição, de entrar com esse produto terapêutico para ajudar as crianças a se recuperarem e não entrarem num ciclo para elas mortal de desnutrição e desidratação. A imunidade delas abaixa também. Ou seja, elas ficam muito mais propícias a doenças e a morte”.
Quatro bebês compartilhando a mesma incubadora
Pires afirmou que além de passar fome, as crianças em Gaza “não estão tendo direito nem a incubadoras para sobreviver logo após o nascimento”. Outra prioridade do Unicef será garantir acesso a equipamentos hospitalares vitais para cuidados pediátricos.
“Eu estive na Cidade de Gaza e tinha um hospital e a situação que eu vi lá eram de três, quatro crianças tendo que compartilhar uma incubadora porque não tinham equipamentos suficientes. Crianças prematuras que estavam lutando pela vida todo dia, com diversos problemas de saúde”.
A população da Faixa de Gaza expressou a sua alegria com o anúncio de um cessar-fogo
“Hora de acabar como o horror da violência”
Comentando sobre sua última visita à Gaza, em agosto, ele declarou que presenciar o nível de destruição e desespero que existe no local é uma “experiência muito triste”.
“Realmente é uma situação catastrófica, eu diria quase apocalíptica. Os escombros, o nível de destruição, de desespero, de privação. E você vê nos olhos das crianças que realmente elas estavam e estão exaustas. Já viram seus pais familiares sendo mortos, já se tornaram órfãos, perderam suas casas, tiveram que ser despejadas de suas casas, forçadas a se movimentarem dentro da Faixa de Gaza várias vezes, mais de dez vezes, em alguns casos”.
Para o representante do Unicef, o caminho a seguir é começar a reconstrução colocando as crianças de volta na escola, dar a elas um lar e reuni-las com suas famílias para “realmente acabar com o horror da violência que tem marcado essa guerra desde outubro de 2023”.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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