Foi com “honra, alegria e senso de responsabilidade” que a líder indígena brasileira Txai Suruí recebeu a nomeação para integrar o terceiro Grupo Consultivo da Juventude sobre Mudanças Climáticas do secretário-geral da ONU, António Guterres. O anúncio foi feito no mês de agosto.

Em entrevista para o Podcast ONU News, a representante do povo Paiter Suruí, disse que aconselhar o líder da ONU é uma oportunidade de ressaltar a realidade daqueles que estão na linha de frente do enfrentamento da crise climática.

Jovem indígena fala de COP30, mudança climática e valores de liderança

“Os jovens são os mais impactados”

“A gente não só vive esse impacto, mas a gente também refloresta, a gente também restaura, a gente também protege as nascentes, a gente também vem fazendo um projeto com as abelhas nativas, pensando esses animais. Então, isso a ONU ainda não sabe. Os países, os representantes ainda não sabem. E a gente está aqui nesse papel de levar essa voz da juventude, que cada vez mais vai sofrer esses efeitos constantemente, porque eles vão ser mais constantes nas nossas vidas. Somos os principais impactados, não só nós que já estamos vivendo isso, mas também as próximas gerações que estão vindo”.

A jovem indígena disse acreditar que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, marcada para novembro, em Belém, no Pará, será diferente de edições anteriores devido a uma presença mais forte da sociedade civil.

Ela afirma que um maior espaço para protestos e mobilizações podem impulsionar decisões que são urgentes para o futuro do planeta.

Defensores da floresta ameaçados e mortos

Umas das expectativas em torno da COP30 diz respeito a novos compromissos e mecanismos que garantam a preservação de florestas. Txai Suruí alertou que os jovens indígenas estão se colocam cada vez mais sob risco de vida para proteger as matas.

“Não tem como proteger a floresta sem proteger os seus defensores. Meu pai e minha mãe sofrem ameaças há muito tempo e eu confesso que não é fácil você viver, crescer num contexto de ameaças. Isso não é saudável para nossa cabeça mesmo, para o nosso psicológico. E cada vez mais a gente vê jovens indígenas vivendo neste contexto também de violência e de ameaças”.

Ela destacou que o Brasil é o segundo país que mais mata ativistas dos direitos humanos e do meio ambiente no mundo, e que metade deles são líderes indígenas.

A ativista falou de situação desumanas, como um episódio recente no Mato Grosso do Sul “onde jovens indígenas foram decapitados e tiveram suas cabeças expostas na frente da aldeia.”

A líder indígena revelou que não vive uma vida comum e segue um protocolo rígido de segurança. Ela destacou que muitas das denúncias feitas por povos indígenas “são necessárias para manter a floresta em pé”, e apesar do alto risco de vida, “a luta é maior, porque é coletiva, comunitária e pelo planeta”.

Txai Suruí/Arquivo pessoal

Ativista indígena Txai Suruí participa de protesto em Brasília

Lição sobre liderança

Txai Suruí disse que se sente “um reflexo da luta do seu povo” e compartilhou as lições que aprendeu sobre liderança e que hoje transmite para outros jovens em diversas aldeias do Brasil.

“A gente estava aqui falando de líderes, de representantes, desses que vão para a COP e tudo mais. E para nós é diferente, os líderes que estão aí hoje e os líderes que o povo indígena entenderia como bons líderes. Meu avô sempre falou para o meu pai: Meu filho, para você ser um bom líder, primeiro você tem que ser humilde, você tem que ser humilde porque o verdadeiro líder tem que saber ouvir. Porque se ele está lá para representar as pessoas, ele tem que saber ouvir as pessoas”.

Ela adicionou que os líderes mundiais não podem mais tomar decisões que afetam o planeta sem ouvir a voz dos povos indígenas e disse que o grupo estará presente “de corpo e espírito”, em todas as negociações, mesmo que não seja convidado.

A ativista fundou o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia e coordena a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé. A entidade, fundada por sua mãe, a indigenista Neidinha Suruí, tem mais de 30 anos de atuação na defesa dos direitos dos povos indígenas. Txai também é filha do cacique Almir, líder do povo Paiter Suruí.

A floresta amazônica no Brasil

Amazônia: o grande jardim dos povos indígenas

A jovem ressaltou a preocupação com as mudanças climáticas, que estão a cada ano deixando os rios mais secos e os dias mais quentes, com impactos já sentidos nas plantações em sua aldeia.

Ela afirmou que a COP30 precisa valorizar o conhecimento ancestral dos povos indígenas para que a humanidade alcance harmonia com a natureza.

“Somos os que melhor trabalhamos o uso da terra. A Amazônia mesmo é um exemplo disso. É a maior floresta, com maior biodiversidade do mundo. E hoje, inclusive usando a própria ciência, a gente pode comprovar que esse é um grande jardim dos povos indígenas. Uma floresta que não só a gente depende e vive nela, mas que a gente também há muito tempo fortalece ela e plantou essa imensa floresta também”.

Segundo Txai, o povo Suruí já fala de mudanças climáticas desde antes desse tema aparecer no debate internacional e pelo menos desde 2005 já executa projetos de reflorestamento que resultaram no plantio de mais de 1 milhão de árvores.

Em mensagem nas redes sociais, a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, disse que a conferência irá “priorizar e valorizar o papel das populações tradicionais”.

De acordo com ela, “as populações tradicionais têm as melhores tecnologias de preservação da natureza” e esse conhecimento tradicional deve ser conjugado às inovações científicas para enfrentar a crise climática de forma justa e eficaz.

*Felipe de Carvalho é redator da ONU News.

Confira a íntegra da entrevista com a ativista indígena brasileira Txai Suruí:

ONU News: O que o convite para integrar o Grupo Consultivo da Juventude sobre Mudanças Climáticas do secretário geral da ONU representa na sua trajetória e como você pretende aproveitar esse espaço?

Txai Suruí:Para mim, veio como uma imensa honra e alegria mesmo, mas também responsabilidade. Responsabilidade de ter que representar os jovens indígenas num espaço tão importante, que é aconselhar o secretário-geral da ONU. Porque a gente sabe que é nos espaços globais onde as decisões são tomadas, como a COP30, como os espaços organizados pela ONU. Mas é importante que o mundo saiba que não há solução se a gente não conversa com os territórios, se a gente não conversa com a base, se a gente não conversa diretamente e entende diretamente a realidade daqueles que estão na linha de frente, tanto do combate às emergências climáticas, tanto de quem vem sofrendo mesmo os efeitos dessas mudanças climáticas.

Eu sou uma mulher indígena, que vem da Amazônia, do Estado de Rondônia, mas que hoje também vivo aqui em São Paulo, na Terra Indígena Jaraguá, na Mata Atlântica, onde são dois contextos de terras indígenas diferentes, de biomas diferentes, mas onde a nossa luta também muitas vezes se entrelaça. Principalmente quando a gente tem que se colocar nesse papel mesmo, muitas vezes de defensor. Os povos indígenas, a própria ONU já reconheceu, somos os maiores e melhores defensores da floresta, mas a gente também precisa que o mundo ouça, entenda a importância de tudo isso, desse trabalho que a gente vem desenvolvendo. Porque essa não é uma luta só nossa, é uma luta de todos. Mas os povos indígenas, eles são aqueles que, pelo menos no Brasil, aqui você pega qualquer mapa satelital e vai ver que é dentro dos territórios indígenas onde a floresta está de pé. Mas ainda assim a gente já está sentindo isso.

A gente viu o Rio Madeira, que é o rio que banha Porto Velho, a capital de Rondônia, secar ano passado, chegar ao seu nível mais baixo. No ano retrasado, a gente tinha o nível mais baixo ainda. Ou seja, o que a gente vai esperando é que a cada ano que chega, você vai alcançando os limites, cada vez mais. Vai alcançando o nível mais baixo do rio, vai chegando nos dias mais quentes. Não dá mais pra falar que a mudança climática é algo do futuro, mas é algo que a gente está vivendo presencialmente hoje. A gente está vendo as nossas plantações, por exemplo, na aldeia, nossas produções sendo afetadas pelo calor, pela falta de água mesmo. A gente está vendo os próprios animais sofrerem com isso. Agora, na Amazônia, vai começar o período de queimadas e a gente já se preocupa com isso, porque eu estava lá em Rondônia agora e andando pela estrada, a gente já estava vendo queimadas.

Comunidades no Brasil sofrem com temperaturas erráticas e falta de água

E além disso, os povos indígenas que estão nessa linha de frente colocam suas vidas mesmo nessa proteção. A gente vê que o Brasil é o segundo país que mais mata ainda ativistas dos direitos humanos e do meio ambiente no mundo. E metade deles são indígenas, são líderes indígenas, são pessoas indígenas que estão se colocando nessa linha de frente. Então, é importante que essa realidade também chegue nesses espaços de decisão para que eles possam, a partir daí, também tomar suas decisões, entendendo o que a gente está vivendo, mas também as soluções que a gente está propondo.

Porque a gente não só vive esse impacto, mas a gente também refloresta, a gente também restaura, a gente também protege as nascentes, a gente também vem fazendo um projeto com as abelhas nativas, pensando esses animais. Então, isso a ONU ainda não sabe. Os países, os representantes ainda não sabem. E a gente está aqui nesse papel de levar essa voz também da juventude, que cada vez mais vai sofrer esses efeitos constantemente, porque eles vão ser mais constantes nas nossas vidas. Somos os principais impactados, não só nós que já estamos vivendo isso, mas também as próximas gerações que estão vindo.

ONU News: Desde a participação marcante que você teve na COP26, sente que houve melhora na participação dos povos indígenas nessas negociações internacionais?

Txai Suruí:O próprio trabalho do movimento indígena é ocupar esses espaços, os espaços onde as decisões são tomadas, sem convite ou não. Independente de convite, a gente entendeu que é importante que o nosso corpo, nosso espírito esteja lá presente e que ainda que a gente não possa, a gente está construindo isso, estar na mesa de decisão, pelo menos pressão, pelo menos envergonhar essas pessoas que estão lá, a gente vai fazer. De dizer ‘olha, vocês não podem decidir qualquer coisa sobre as nossas vidas, sobre a vida de todos, sobre o futuro do planeta, sem levar em consideração as nossas vozes. E aquilo que vocês decidirem, a gente tá vendo, a gente está acompanhando’. Porque hoje não dá mais para ser negacionista e dizer “ah, isso não está acontecendo, Isso não vai acontecer”. A própria ciência, a gente hoje une o nosso conhecimento ancestral dos povos indígenas com o conhecimento da ciência para dizer que a gente precisa agir agora.

E na COP 26 eu já falava isso, que a gente não tinha mais tempo. Então, não dá para as pessoas negarem. A gente sabe que as mudanças climáticas estão acontecendo. A gente sabe também o que a gente precisa fazer. A gente sabe a mudança que a gente precisa tomar. Então é isso, o que está faltando, ainda para os líderes mundiais, o que está faltando para os governos, o que está faltando para as empresas, que também fazem parte desse impacto, as multinacionais, fazerem para que a gente de fato possa superar, combater as emergências climáticas? E mais do que isso, viver num mundo mesmo mais justo, que respeite os outros povos, que respeite as outras ancestralidades, que respeite outras formas de sabedoria também.

Txai Surui, aos 24 anos, discursa para líderes mundiais na COP26

Historicamente, os povos indígenas mostram que têm o conhecimento de viver em harmonia com a natureza. Somos os que melhor trabalhamos o uso da terra. A Amazônia mesmo é um exemplo disso. É a maior floresta, com maior biodiversidade do mundo. E hoje, inclusive usando a própria ciência, a gente pode comprovar que esse é um grande jardim dos povos indígenas. Uma floresta que não só a gente depende, vive nela, mas que a gente também há muito tempo fortalece ela e plantou essa imensa floresta também. Então mostra como a gente faz parte dessa floresta e o grande conhecimento que a gente tem. E não só esse de que historicamente fez, mas que faz agora.

Como eu falei, sobre o povo Paiter Suruí. Eu sou um reflexo de toda a luta do meu povo. O meu pai e o meu povo fala e falava de mudanças climáticas antes mesmo de ser uma grande temática. A gente já falava disso, o povo Paiter Suruí. Em 2005, a gente inicia o nosso projeto com o Google, a gente inicia nosso projeto de reflorestamento também, que é o Pamile, que no tupi mondé, a minha língua, Pamile significa o renascer da floresta, onde a gente plantou mais de 1 milhão de árvores, porque já naquele naquela época a gente entendia que a gente tinha que fazer isso, tinha que proteger a floresta, mas também tinha que devolver para ela o que foi tirado dela. E esses trabalhos a gente continua desenvolvendo com etnoturismo, com o reflorestamento, com as agro-florestas, para plantar comida, o que na verdade vai fortalecer não só o corpo dela, mas o espírito dela também, com o alimento que as pessoas as vezes esquecem que vem da terra e que toda a natureza é necessária também para a gente permanecer vivo, porque sem as abelhas não tem alimento, sem os animais não tem polinização, não tem alimento. E sem a floresta os animais não vivem, assim como nós também não vivemos. Então, mostrar e levar para dentro desses espaços que os povos indígenas têm todo esse conhecimento ancestral, mas vem colocando essas soluções em prática também hoje. Então, o que falta para as pessoas também apoiarem esses projetos, também entenderem esse modo de vida, que hoje é necessário? É necessário a gente tratar o nosso planeta de forma diferente do que está sendo tratado hoje.

ONU News:Você acredita que a COP 30 no Brasil ela tem essa capacidade de criar uma transformação mais profunda e avançar mais do que se avançou até agora? Quais as suas expectativas?

Txai Suruí:O contexto é extremamente complicado, não apenas a nível de Brasil, mas a nível de mundo, politicamente, humanitariamente, enfim, ambientalmente, climaticamente. Mas também a gente tem muita força. E diante dos desafios que a gente também acha que melhor acabar se juntando. E uma coisa diferente dessa COP vai ser exatamente a presença da sociedade civil. Independente de todas as dificuldades e de você fazer realmente um evento na Amazônia, traz uma força. A gente sabe que nos outros países que foram as Cops, antes eram países mais autoritários. Os próprios governos eram mais autoritários. O Brasil não é a democracia perfeita, mas é um país democrático sim, ainda. E acho que você voltar a poder fazer os protestos, as mobilizações e essa grande presença da sociedade civil que vai ter, vai trazer sim uma grande diferença. Porque, como eu falei, a gente não aceita mais que a nossa presença não esteja lá. E também mostrar tanto para as empresas, pros governos, pros líderes que a gente está de olho. 

Na verdade, o povo precisa lembrar que o poder sempre foi do povo. Eles são representantes, não estão lá pra substituir o povo, mas sim para levar os anseios da sociedade, aquilo que é o anseio das nossas populações e hoje a nossa população, a maioria, vem sofrendo com as emergências climáticas, estão cada vez mais em risco. São milhares e milhares de pessoas no mundo já impactadas pelas emergências climáticas.

ONU News: Como é que você lida com esse medo de viver sob contantes ameaças por ser uma liderança?

Txai Suruí: Isso inclusive é uma das temáticas que a gente quer trazer cada vez mais. Não adianta, não tem como proteger a floresta sem proteger os seus defensores. Meu pai e minha mãe sofrem ameaças há muito tempo. E eu confesso que não é fácil você viver, crescer num contexto de ameaças. Isso não é saudável para nossa cabeça, pro nosso psicológico. E cada vez mais a gente vê jovens indígenas vivendo neste contexto também de violência e de ameaças. Muitas vezes a própria mídia, esquece de noticiar, por exemplo, o que está acontecendo no Mato Grosso do Sul, onde a gente tem jovens que não só foram assassinados, por causa do conflito de terra, mas foram brutalmente assassinados. Foram decapitados, tiveram suas cabeças cortadas, expostas na frente da aldeia como um sinal mesmo para aquela comunidade. Então isso é desumano. Isso aí fere vários e vários direitos humanos que essas comunidades têm, além do seu direito ao território. Os povos indígenas não vieram para o Brasil, sempre estiveram aqui. E sofreram historicamente um genocídio, uma colonização que tem reflexo na nossa vida até hoje. Então, é muito importante a gente trazer essa temática e falar dessa temática, porque cada vez mais a gente vai perdendo os nossos líderes, a gente vai perdendo aqueles que fazem esse papel, que é fundamental também. E muitas vezes eles sequer têm escolha, porque estão lutando pela vida das suas famílias, das suas comunidades, dos seus territórios. 

Então não é fácil. Hoje a gente tem que tomar inúmeras precauções também. A gente tem o nosso protocolo de segurança, a gente aciona quando necessário o próprio programa de proteção de defensores do governo. A gente tem que viver não uma vida comum, porque isso não é normal e a gente não pode normalizar isso também. Mas é um alerta para as pessoas entenderem que o que a gente faz é uma coisa perigosa. Mas que hoje também é necessária para manter a floresta em pé, seguir denunciando. Porque o que eles querem é nos calar mesmo. E a gente não vai se calar. Então, ainda que as nossas vidas estejam em perigo, a nossa luta ela é maior, porque a nossa luta é coletiva, comunitária, é pelo planeta. Mas a gente precisa que as pessoas se preocupem com quem está fazendo isso, porque não tem como proteger a floresta sem proteger quem protege ela.

Parque Nacional do Jaú, estado do Amazonas, no noroeste do Brasil

ONU News:No seu trabalho você realiza na capacitação de jovens em diversas aldeias. Como você passa pra eles essa ideia de liderança. O que essa palavra significa pra você e como é que você transmite isso para outros jovens?

Txai Suruí: Minha mãe também é uma grande líder. Ela que fundou a Canindé e iniciou esse trabalho. Então cada vez mais eu vejo a importância de formar novos líderes. Eu fundei o Movimento da Juventude, mas hoje eu sou só conselheira do Movimento da Juventude, porque eu entendi que era importante outras pessoas darem continuidade. Jovens, pessoas mais jovens do que eu ainda. Porque esse não foi um movimento que eu fundei para mim, mas foi um movimento que eu fundei para o coletivo, para que quando eu mesmo me vá, essa luta siga. E o meu pai, que é esse cacique, ele sempre aprendeu com meu avô a história sobre como ser uma boa liderança. Porque hoje a gente está falando aqui de líderes, de representantes, desses que vão para a COP e tudo mais. E para nós é diferente, os líderes que estão hoje aí e os líderes que o povo indígena entenderia como bons líderes. Primeiro, meu avô sempre falou para o meu pai: Meu filho, para você ser um bom líder, primeiro você tem que ser humilde. Você tem que ser humilde porque o verdadeiro líder tem que saber ouvir. Porque se ele está lá para representar as pessoas, ele tem que saber ouvir as pessoas. Tem que saber receber críticas também, porque as críticas elas sempre vão vir e ninguém é perfeito. Mas se você sabe ouvir, você vai melhorar também.

Meu vô ensinava que um bom líder, ele tem que se preocupar com o seu povo, tem que se preocupar com a sua população, tem que ouvir ela e se preocupar. Tem que estar preocupado em trazer qualidade de vida para o seu povo e fazer o seu povo feliz. Era assim que antes mesmo dos não-indígenas chegarem, antes do contato, os líderes agiam na nossa comunidade. E um bom líder ele tem que tem que saber falar também. Tem que ter uma boa oratória, tem que saber dialogar entre as pessoas, porque ele não vai ser o cara da guerra, ele vai ser o cara da diplomacia mesmo. Que é inclusive um pouco o que a própria ONU faz, a questão diplomática. Então ele vai ter que saber mediar os conflitos, que muitas vezes vão aparecer ali dentro da comunidade. Porque o que a gente quer não é brigar, o que a gente quer resolver as coisas, trazer mais qualidade de vida para as pessoas, que realmente nosso povo esteja feliz. Então meu vô sempre falou essas coisas para o meu pai, que passou isso para mim. Do que um grande líder precisa. 

E como eu estava falando, muitas vezes aqui na sociedade não-indígena, a gente não vê isso. A gente não vê líderes que estão preocupados realmente em trazer os anseios, resolver os anseios da sociedade, fazer a população feliz, mas estão preocupados com seus próprios interesses, ou os interesses daqueles que os financiam, das grandes empresas. Então, esses não são bons líderes para nós. Esses são, pelo contrário, líderes ruins, porque não estão ouvindo, não estão preocupados. Então isso a gente tenta também passar pra esses jovens. Para que eles também se tornem lideranças que estejam pensando e preocupadas com o coletivo, que pensem coletivamente, que saibam que é importante a gente dialogar e se unir para resolver as coisas. Sabendo ouvir, sabendo ser humilde.

 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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