Esta é a década mais quente para a África desde que os registros foram iniciados. A temperatura da superfície do mar atingiu seu nível recorde no ano passado.

Cheias e secas destruíram subsistências e comunidades em várias partes do mundo. E fenômenos climáticos como El Niño tiveram um papel nesse resultado.

Essas são algumas das conclusões do relatório o Estado do Clima na África 2024, lançado nesta segunda-feira pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, em Addis Abeba e Genebra, simultaneamente.

© Unicef/Bennie Khanyizira

Cerca de nove milhões de pessoas no Malawi sofrem com os impactos devastadores das cheias e da seca induzidas pelo El Niño

Modelos de previsão do tempo

O relatório destaca os desafios para agricultura e o meio ambiente, alimentação, água e segurança energética, além de saúde e educação. A inteligência artificial, meios de comunicação móvel e modelos avançados para previsão do tempo estão aumentando o alcance de serviços meteorológicos através da África.

Segundo o estudo, o ano de 2024 foi o mais quente ou o segundo mais quente, dependendo dos dados utilizados.  Os níveis de aquecimento da temperatura da superfície do mar foram mais intensos no Oceano Atlântico e no Mar Mediterrâneo.

A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, afirma que a situação na África demonstra realidades urgentes e crescentes da mudança climática em todo o continente.

Partilha de dados

A agência acredita que será preciso mais investimento em infraestrutura para escalar a transformação digital, que oferece grandes potenciais, com partilha de dados e serviços mais inclusivos.

Uma das parcerias da OMM com os países africanos é sobre a construção de um sistema de alertas precoces para todos. Para Celeste Saulo, o relatório deve levar à ação coletiva para lidar com os desafios complexos e efeitos de dominó do problema no continente.

Para a agência da ONU, é preciso um senso maior de urgência para melhorar os sistemas e fortalecer a resistência climática e adaptação. O apelo a governos, entidades de desenvolvimento e ao setor privado é de que aceleram os investimentos baseados no clima.

A areia escorre da mão de uma criança como através de uma ampulheta. No sudoeste da Etiópia, a seca agravada pela mudança climática está ameaçando plantações e gado, levando a população ao limite

Ecossistemas marinhos danificados

Em 2024, a média da temperatura no continente africano foi de cerca de 0,86°C acima da média de longo prazo entre 1991-2020. Já o norte da África registrou os níveis mais altos de 1.28°C acima da média do mesmo período.

Esta é a subregião africana que está aquecendo num ritmo mais elevado. Quase todo o oceano ao redor da África foi afetado por ondas de calor variando de intensidades forte, severa a extrema no ano passado.

De janeiro a abril, quase 30 milhões de km² foram afetados desde o início do monitoramento em 1993. As altas temperaturas oceânicas também prejudicaram ecossistemas marinhos e intensificaram tempestades tropicais.

Seca, chuvas e 700 mil afetados

No caso do sul da África, as condições de seca especialmente no Malauí, na Zâmbia e no Zimbábue levaram as piores estiagens das últimas duas décadas. Com isso, plantações de cereal ficaram 16% abaixo da média de cinco anos. No caso de Zâmbia e Zimbábue, a redução ultrapassou 43%.

No leste da África, que registrou chuvas longas e pesadas, de março a maio, houve cheias no Quênia, na Tanzânia e no Burundi. Centenas de pessoas morreram e mais de 700 mil foram afetadas.

Mais de 4 milhões de pessoas foram afetadas por enchentes arrasadoras no oeste e no centro da África, que levaram a centenas de mortos ou feridos e centenas de milhares de deslocamentos.

Dentre os países mais afetados estão: Nigéria, Camarões, Chade, Níger e a República Centro-Africana.

O ano passado foi terceiro consecutivo com colheitas abaixo do nível esperado por causa de chuvas pesadas e temperaturas extremamente altas. A produção do Marrocos, por exemplo, caiu 42% abaixo da média do quinquênio após seis anos seguidos de seca.

Crianças em uma estrada na cidade de Pemba, Moçambique, que foi devastada pelo ciclone Chido em dezembro de 2024

Ciclone Chido em Moçambique

Pela primeira vez, na era do monitoramento por satélite, dois ciclones tropicais, Hidaya and Ialy, se formaram em maio viajando até à bacia do noroeste perto da Tanzânia de do Quênia.

O ciclone Chido, que surgiu em Mayotte, como o mais arrasador em 90 anos, atingindo também Moçambique e Malauí, afetou dezenas de milhares de pessoas. Muitos ficaram desabrigados e sem acesso à água potável.

O relatório o Estado do Clima na África sugere que muitos países estão abraçando a transformação digital na região e instalando sistemas de alerta precoce como uma prioridade regional.

Agricultores e pescadores com aplicativos

A inteligência artificial traz novo potencial para fortalecer a entrega de serviços de temperatura. Um dos exemplos é a Agência Meteorológica da Nigéria que utiliza plataformas digitais para disseminar avisos de agricultura e clima.

No Quênia, o Departamento de Meteorologia oferece serviços de previsão do tempo a pequenos agricultores e a pescadores com aplicativos de celular e mensagens de texto.

Já o Serviço do Tempo da África do Sul integrou ferramentas de inteligência artificial e sistemas modernos de radar para previsões mais eficientes das condições do tempo e da temperatura.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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