As secas* agravam a pobreza, a fome, a insegurança energética e o colapso dos ecossistemas.
Os dados constam no relatório global “Pontos Críticos de Seca ao Redor do Mundo 2023-2025”, apoiado pela ONU e divulgado na segunda-feira.
Alertas precoces
O documento foi elaborado pelo Centro Nacional de Mitigação da Seca dos Estados Unidos, pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e teve o apoio da Aliança Internacional para a Resiliência à Seca.
A Organização Meteorológica Mundial, OMM, há muito tempo defende políticas proativas voltadas para o futuro em relação à seca, em vez da atual abordagem reativa e impulsionada pela crise.
Já o secretário-executivo da Unccd, Ibrahim Thiaw, contou que a agência está trabalhando para fortalecer o monitoramento da seca e dos alertas precoces por meio da iniciativa Alertas Precoces para Todos.
Ele lembra que a seca é “uma assassina silenciosa que se instala, drena recursos e devasta vidas em câmera lenta com cicatrizes profundas”.
Seca extrema no Brasil afeta a Amazônia
Amazônia em risco
O estudo cita a Bacia Amazônica cujos os níveis recordes de rios em 2023 e 2024 levaram à morte em massa de peixes e golfinhos ameaçados de extinção, além de interromper o abastecimento de água potável e o transporte para centenas de milhares de pessoas.
À medida que o desmatamento e os incêndios se intensificam, a Amazônia corre o risco de deixar de ser um sumidouro de carbono e se tornar uma fonte de carbono.
O coautor do relatório, Mark Svoboda, descreve uma “catástrofe global de evolução lenta”, a pior que já viu.
O relatório ressalta a necessidade de monitoramento sistemático de como a seca afeta vidas, meios de subsistência e a saúde dos ecossistemas dos quais todos dependem.
O estudo reúne centenas de fontes governamentais, científicas e da mídia para destacar os impactos nos pontos críticos de seca mais graves. Ele mostra como mulheres e crianças estão entre as mais vulneráveis aos impactos.
África
Na África, mais de 90 milhões de pessoas, nas partes leste e meridional, enfrentam fome aguda. No sul do continente, pelo menos 68 milhões de pessoas precisavam de ajuda alimentar em agosto passado.
Etiópia, Zimbábue, Zâmbia e Malawi perderam safras de milho e trigo. Somente no Zimbábue, a queda foi de 70% em 2024, em relação ao ano anterior, e os preços do milho dobraram, enquanto 9 mil cabeças de gado morreram de sede e fome.
No início deste ano, 4,4 milhões de pessoas na Somália, ou um quarto da população, enfrentam insegurança alimentar em nível de crise, incluindo 784.000 que devem atingir níveis de emergência.
A Zâmbia sofreu uma das piores crises energéticas do mundo, com o rio Zambeze despencando para 20% de sua média de longo prazo em abril de 2024. A maior usina hidrelétrica do país, a Represa de Kariba, caiu para 7% de sua capacidade de geração, causando apagões de até 21 horas por dia e o fechamento de hospitais, padarias e fábricas.
Crianças em terras afetadas pela seca na Tailândia
Preço do azeite de oliva disparou
Na Espanha, a escassez de água afeta a agricultura, o turismo e o abastecimento doméstico.
Em setembro de 2023, dois anos de seca e calor recorde causaram uma queda de 50% na safra de azeitonas da Espanha, fazendo com que os preços do azeite dobrassem em todo o país e aumentassem em várias partes do mundo.
Já na Turquia, a seca acelerou o esgotamento das águas subterrâneas, provocando sumidouros que representam riscos para as comunidades e suas infraestruturas, reduzindo permanentemente a capacidade de armazenamento do aquífero.
No Canal do Panamá: Os níveis de água caíram tanto que os trânsitos foram reduzidos em mais de um terço (de 38 para 24 navios por dia entre outubro de 2023 e janeiro de 2024), causando grandes interrupções no comércio global. Com a situação, muitas embarcações foram redirecionadas para rotas mais longas e mais caras, passando pelo Canal de Suez ou pelo infame Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.
Estados Unidos e Reino Unido
Entre os efeitos colaterais, as exportações de soja dos Estados Unidos desaceleraram e os supermercados do Reino Unido relataram escassez e aumento nos preços de frutas e vegetais. Sudeste Asiático
A seca interrompeu a produção e as cadeias de suprimentos de culturas essenciais, como arroz, café e açúcar.
Em 2023-2024, as condições de seca na Tailândia e na Índia, por exemplo, desencadearam escassez, levando a um aumento de 8,9% no preço do açúcar e dos doces americanos.
Lições e recomendações
O relatório apela a investimentos urgentes na preparação para a seca:
- Sistemas de alerta precoce mais fortes e monitorização em tempo real da seca e do seu impacto, incluindo as condições que contribuem para a insegurança alimentar e hídrica.
- Soluções baseadas na natureza, como a restauração de bacias hidrográficas e o uso de culturas indígenas.
- Infraestrutura resiliente, incluindo energia fora da rede e tecnologias alternativas de abastecimento de água.
- Adaptação sensível ao género, garantindo que mulheres e meninas não sejam ainda mais marginalizadas.
- Cooperação global, especialmente na proteção de bacias hidrográficas transfronteiriças e rotas comerciais.
*Com informações da OMM.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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