Neste Dia Mundial da Língua Portuguesa, o Podcast ONU News buscou um olhar de fora sobre a beleza e as qualidades do idioma ao dar o microfone a três pessoas que abraçaram o português como língua estrangeira.

Eles são o humorista francês Paul Cabannes, a influenciadora digital americana Bridget Fancy e a produtora de conteúdo russa, Ekaterina Puchkova, também conhecida como Katiusha. O encontro de cada um com o idioma ocorreu de forma variada. Mas os destinos deles se cruzam na internet, onde produzem conteúdos acompanhados por milhões de seguidores todos os dias.

Nesta conversa com a ONU News, eles foram unânimes em concordar que o português teve o poder de transformar suas personalidades, trazendo à tona aspectos que não eram tão evidentes quando usavam suas línguas maternas.

Paul Cabannes: “prefiro minha personalidade em português com minhas filhas”

O humorista francês Paul Cabannes faz shows por todo o Brasil

Cabannes, por exemplo, define sua língua materna, o francês, como “refinada e sarcástica”, em contraste com o português, que para ele, traz uma grande dose de simpatia. No plano pessoal, o português o ajudou a ser um pai mais amoroso quando se tornou o veículo de comunicação com as filhas.

“Eu falava com minhas filhas em francês até o momento que eu percebi que eu preferia a minha personalidade em português com elas, porque eu sou capaz de ter mais simpatia, mais carinho, mais fofura quando eu falo em português. E agora faz alguns anos que eu falo em português com as minhas filhas. Elas aprendem francês, porque também eu faço questão de ensinar a elas, mas no dia a dia eu falo português com elas”.

O humorista francês começou a aprender português em 2012, após se casar com uma brasileira. E a partir daí não parou mais. Ele compartilha suas experiências na internet.

Bri Fancy: “me sinto mais amorosa em português”

A influenciadora digital Bridget Fancy aprendeu português aos 8 anos

Já para a americana Bridget Fancy, o contato com o idioma ocorreu ainda na infância. Dos oito aos 16 anos, ela viveu no Brasil acompanhada pelos pais. E se para eles, falar português era uma tarefa difícil, para ela caiu como uma luva. Voltou para os Estados Unidos e retornou ao Brasil, onde se sente inspirada ao falar português nas redes sociais e experimentar muito calor humano.

“Acho que em inglês eu me sinto muito mais direto ao ponto. Eu me sinto muito mais séria, profissional e em português eu me sinto mais amorosa, eu acho que mais carinhosa. Até o jeito que a gente fala sobre as coisas, eu estava falando ‘carinhosa’, eu falei ‘carinhoooosa’. Então em português você tem esse calor humano já no idioma, na minha opinião”.

Katiusha: “em português sou muito brincalhona”

A influenciadora digital Ekaterina Puchkova produz conteúdo em português para milhões de seguidores

Bridget e Paul participaram da edição especial do Podcast ONU News para esse Dia  Mundial da Língua Portuguesa ao lado da influenciadora russa Katiusha. No caso dela, o amor pelo português veio através do ouvir brasileiros conversando no lobby de um hotel em seu país natal.

Desde então, o universo dela mudou. Primeiro foi a curiosidade por uma língua que soava interessante, mas depois veio o encanto com um mundo cheio de descobertas de um lado mais brincalhão e divertido.

“Eu acredito que aconteça a mesma coisa com a língua russa, porque o russo em si a gente tem esse estereótipo de que é algo frio, algo brusco. E quando a pessoa fala em russo as pessoas acham: meu Deus, você está me xingando, só pode ser, né? Eu acredito que tenho a mesma situação com o russo. Em russo sou mais séria, talvez até possa dizer fria, mas em português sou muito brincalhona. Até a voz muda”.

Katiusha admira o Brasil e se diverte com o uso frequente do diminutivo pelos brasileiros. Para ela, essa forma confere “mais charme e fofura” a situações simples do dia a dia, como comprar um pão na padaria dizendo: “um pãozinho por favor”.

Como a Língua Portuguesa mudou a vida desses três Influenciadores estrangeiros

Criatividade linguística das expressões populares

Já adaptados ao Brasil, os três influenciadores relatam que ainda vivem confusões e situações cômicas com as expressões populares, algo que Cabannes chamou de “português real”, que é diferente do português oficial.

E se alguém pensa que filosofar é melhor em francês, ele lembra que nos bares brasileiros sempre escuta expressões memoráveis sobre como lidar de forma positiva com as dificuldades da vida.

“Em qualquer boteco, sempre tem um cara que está lá e que está passando por uma fase de fracasso na vida dele. E quanto mais ele está fracassado, mais as expressões dele melhoram. Esses caras conseguem ter uma fluidez de criação de texto que parece o Chat GPT. O cara está lá com um copo de cerveja e começa: ‘É rapaz, tá difícil, mas quem está na chuva é pra se molhar, quem tem fé vai de sandália mesmo. Aí ele acende um cigarro e continua: Nós tá firme que nem um prego na areia, que o barco está furado ele está, mas a gente cola um chiclete no fundo e vai remando do mesmo jeito, porque o que dói mesmo é a saudade da morena’, ri”.

Bridget contou que todos os dias está aprendendo uma expressão diferente e que considera esse um aspecto muito divertido do português brasileiro.

“Eu acho muito engraçado a criatividade linguística que existe. Porque assim, mesmo se a expressão não existia, agora existe. Se a palavra não existia, só que existia uma necessidade, a pessoa vendo a necessidade tem a liberdade poética de criar uma palavra. Eu acho isso muito bom no português, eu poder criar uma expressão”.

Maior interesse pelo português ao redor do mundo

Quase todos os dias, ela recebe mensagens de seguidores dos Estados Unidos querendo aprender português e pedindo dicas. Katiusha também observa essa tendência em relação ao público russo, um indício do crescimento do interesse pelo idioma como língua estrangeira.

“O Brasil está ganhando uma atenção mundial e na Rússia acaba acontecendo a mesma coisa. Antigamente, quando eu cheguei no Brasil, nossa, eu quase não encontrava os russos aqui, era muito raramente. Hoje em dia, se você vai ao sul, principalmente, meu Deus, são muitos russos. Para qualquer lado que você olha têm muitos russos, você escuta a língua russa. E na Rússia também é assim, muitas pessoas estão querendo aprender português”.

Os três influenciadores alcançam, somados, um público de mais de 4 milhões de pessoas, a grande maioria de brasileiros.

Por meio de conteúdos irreverentes eles falam de desafios de comunicação, mas especialmente de grandes descobertas e aprendizados que vivenciaram ao abraçar o português como segunda língua. 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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