Na manhã desta sexta-feira, cerca de 90 indígenas da etnia Munduruku, realizaram um protesto pacífico bloqueando a entrada principal da Zona Azul da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP30, que está sendo realizada em Belém. A Zona Azul é a área exclusiva para negociadores e outros participantes credenciados.

O acesso pelo portão principal ficou interrompido por cerca de uma hora e o exército foi convocado para reforçar a segurança. Os Munduruku são indígenas da Amazônia e vivem, na maioria, em três estados: Amazonas, Mato Grosso e Pará.

© Unfccc/Diego Herculano

Agentes de segurança guardam o local da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima enquanto o povo indígena Munduruku protesta

Atos “legítimos”

Segundo agências de notícias, os manifestantes protestavam contra projetos do Governo do Brasil, que podem afetar povos indígenas que vivem na bacia dos rios Tapajós e Xingu. Eles também exigiam o fim de atividades extrativistas que atingem territórios indígenas.

Em conversa com jornalistas, a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, afirmou que os manifestantes tinham demandas sobre políticas nacionais. Eles foram encaminhados para uma reunião com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e com a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva.

Ana Toni chamou os atos de “legítimos” e disse que o governo está empenhado em escutar os manifestantes. Ela lembrou que a COP30 tem mais de 900 indígenas credenciados, um aumento expressivo em relação aos 300 inscritos na conferência do ano passado, em Baku no Azerbaijão.

Presença e responsabilidade

Em conversa com a ONU News, a jovem indígena Amanda Pankará, do povo Pankará, do Estado de Pernambuco, afirmou que a COP30 representa um espaço onde a questões indígenas estão tendo mais visibilidade, especialmente o papel do grupo na proteção e a sustentabilidade de diversos biomas.

Para ela, as manifestações são válidas, pois apesar de ampla, a presença dos povos indígenas poderia ser ainda maior.

“Nós teríamos muito mais a contribuir se mais pessoas indígenas estivessem compondo essas mesas, essas discussões. De fato, nós precisávamos que mais parentes estivessem aqui nesses espaços. E essas reinvindicações são válidas, claro. Nós estamos reivindicando direito à terra, direito à vida e, como eu falei anteriormente, nós que fazemos essa barreira de proteção, então nós queremos ser ouvidas de fato. Então, estar aqui hoje, representando aqueles que não tiveram a oportunidade de estar é reforçar ainda mais a nossa presença e responsabilidade”.

Declaração e compromisso

A CEO da COP30 disse que em um encontro realizado na quinta-feira, muitas lideranças indígenas afirmaram que esta é a conferência mais inclusiva da qual participaram.

Já o jovem indígena chileno Emiliano Medina, do povo Mapuche, que compareceu à reunião, disse que nela os povos indígenas revisaram uma declaração reforçando ainda mais o compromisso de combater a crise climática.

Ele disse que protestos como esses são uma forma de incidência para apresentar demandas e afirmar que certas políticas são ineficazes. Medina adicionou que manifestações semelhantes têm sido realizadas em todas as partes do mundo por comunidades afetadas pelas mudanças climáticas.

Povos indígenas bloqueiam uma das entradas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Belém, Brasil

“A COP na Amazônia é para escutar essas vozes”

Na conversa com jornalistas, Ana Toni enfatizou que o Brasil tem uma “democracia forte” que permite diferentes formas de protesto, dentro e fora da conferência.

Segundo ela, a escolha de organizar a conferência na Amazônia foi justamente para permitir uma ampla participação de povos indígenas, algo que não seria possível caso o evento fosse no Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília.

A representante brasileira assegurou que a voz dos manifestantes está sendo ouvida e que durante a COP30 provavelmente haverá outras manifestações.

Para ela, o sentido de fazer uma conferência na Amazônia é justamente escutar esses clamores.

*Felipe de Carvalho é enviado especial da ONU News à COP30, no Brasil.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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