A ONU assinala o Dia Mundial Humanitário neste 19 de agosto.
Moçambique, como outros países, enfrenta desafios com corte de verbas e aumento da urgência de uma resposta rápida e eficaz no auxílio humanitário.
Compaixão é chave
Jemina Manhiça faz parte da equipe do Programa Mundial de Alimentação, WFP, desde 2019, atualmente trabalha no distrito de Chemba, na província de Sofala.
Ela atuou em várias missões onde prestou apoio humanitário para salvar vidas.
Ser trabalhadora humanitária é abrir mão de certas coisas na vida em detrimento de ajudar o próximo. Para ela, é preciso ter compaixão, e se doar para ver o bem das pessoas.
Pomares após ciclone
Em conversa com a ONU News em Maputo, a propósito do Dia Mundial do Trabalhador Humanitário, ela citou com emoção a experiência após o ciclone Ida.
“Havia famílias que tinham perdido vontade de recomeçar as suas vidas, de ser resilientes, lá eu fui sensibilizando, dando maior apoio e as pessoas foram retomando as suas atividades fazendo o mais comum, a agricultura… fizeram alguns pomares que até hoje estas coisas estão lá, as pessoas ainda estão a usar e sempre que alguém vai para lá, perguntam por mim, onde está aquela senhora que nos levantou, nós que já não tínhamos vontade, e hoje estamos aqui, sabemos que temos que fazer por nós…se nós não fizermos ninguém fará.”
Sonho realizado
Atualmente, Jemina Manhiça sente-se realizada.
O ciclone Idai atingiu Moçambique e os vizinhos Malawi e Zimbabué, em março de 2019, destruindo estradas, pontes, hospitais, escolas, casas e plantações.
Especialistas citam um dos piores desastres naturais no Hemisfério Sul. Em Moçambique, o epicentro foi a província de Sofala.
Ventos fortes e abrigo
Em situações de crise, as agências das Nações Unidas e parceiros têm apoiado o governo na intervenção para obtenção de uma resposta rápida e eficaz.
O especialista de emergência do Unicef em Moçambique, Cláudio Julaia, também participou em várias missões humanitárias (2019-2025), contudo optou por narrar a passagem do ciclone Freddy que destruiu quase tudo na província da Zambézia.
“O ciclone Freddy foi marcante por causa da intensidade dos ventos que se fizeram sentir e também a intensidade da chuva que o ciclone trouxe e afetou particularmente a população, mas especificamente as crianças…porque um dos impactos diretos foi a destruição parcial e total das casas destas famílias que se encontravam já numa situação vulnerável. Isso obrigou-lhes a se abrigarem em centros de abrigo temporário, muitos deles eram escolas.”
Murrombua, em Moçambique. A ONU-Habitat também implementou projetos para melhorar a segurança e a resiliência das moradias, reduzindo a vulnerabilidade das comunidades locais a ciclones e outros desastres
Investimento salva vidas
O especialista de emergência do Unicef apela o investimento na familiarização do risco e na questão do aviso prévio, o que poderá ajudar a salvar vidas.
“É importante que as mensagens difundidas e disseminadas através de vários canais tenham que ser mensagens assertivas para que permitam que a população assim como as crianças que recebam estas mensagens saibam o que fazer. …e isso vai ajudar bastante, primeiro a salvar vidas, mas também a se prepararem melhor. A questão de reposicionamento de meios e bens em locais estratégicos e de difícil acesso para que possam permitir uma resposta mais adequada e assertiva.”
No âmbito da reconstrução pós ciclones ou crises climáticas, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, ONU-Habitat, desempenha um papel crucial na reconstrução resiliente de comunidades, com foco em infraestruturas de saúde, escolas e habitação.
Padrões de resiliência
Edson Pereira é o Chefe do Subescritório para região norte da ONU-Habitat em Moçambique. A agência apoia na transição para o desenvolvimento, recuperação rápida das comunidades, com os meios e conhecimento que tem.
A sua experiência destaca a visita efetuada após a passagem do ciclone Chido que devastou as províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa.
“Vimos muitas das escolas que foram construídas com aquelas medidas de resiliência que ONU-Habitat apoiou ao governo a alcançar, aquele tipo de intervenção teve um impacto positivo a nível das comunidades, serviram de abrigo pós desastre, mas também serviu para apoiar outros serviços, como por exemplo serviço da saúde para funcionar durante a emergência, conseguimos ver a Escola Primária de Natuco em Mecufi em que serviu de um abrigo pós ciclone para as comunidades, mas também serviu como centro de distribuição de alimentos para própria comunidade.”
Murrombua, em Moçambique, antes da reabilitação resiliente
Resiliência e segurança
Em Moçambique, o ONU-Habitat também implementou projetos para melhorar a segurança e a resiliência das habitações, reduzindo a vulnerabilidade das comunidades locais a ciclones e outros desastres.
O governo moçambicano, através do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres, Ingd, lançou em abril do corrente ano, o Plano de Ação Nacional para a operacionalização da Política e Estratégia de Gestão de Deslocados Internos, Pegdi, a ser executado ao longo dos próximos cinco anos.
O Dia Mundial dos Trabalhadores Humanitários foi criado pela ONU em homenagem a 22 funcionários da organização mortos num ataque terrorista em Bagdá, em 19 de agosto de 2003. Dentre os mortos, estava o chefe da Missão, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
*Ouri Pota é correspondente da ONU News em Maputo.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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