Os gastos militares bateram um novo recorde mundial no ano passado chegando a US$ 2,7 trilhões. Mais de 100 países, de todas as regiões do planeta, aumentaram os orçamentos de defesa levando a corrida armamentista a um patamar jamais visto.

Os dados são de um relatório divulgado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, nesta terça-feira.

“Gastos excessivos não garantem a paz”

Segundo o levantamento, apenas 4% desse gasto já seria suficiente para acabar com a fome no mundo e 10% acabariam com a pobreza extrema.

O documento “A segurança de que precisamos: reequilibrar o gasto militar para um futuro sustentável e pacífico”, preparado pela ONU, mostra que os países devem investir ainda mais no setor.

Para António Guterres, “gastos militares excessivos não garantem a paz” e podem inclusive prejudicá-la, “alimentando corridas armamentistas, aprofundando desconfianças e desviando recursos das verdadeiras bases da estabilidade”.

Ele enfatizou que um mundo mais seguro requer que “o investimento no combate à pobreza seja pelo menos equivalente aos gastos em guerras”.

Para o líder da ONU, a trajetória atual é “insustentável”. Se a tendência continuar, os gastos militares podem chegar a US$ 6,6 trilhões até 2035, o que seria quase cinco vezes mais do que no final da Guerra Fria.

O secretário-geral, António Guterres

Verba repensada poderia fechar “lacunas vitais”

A análise mostra um paradoxo preocupante: enquanto os orçamentos militares crescem, o mundo deixa de lado os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, que deveriam ser cumpridos até 2030.

O déficit de financiamento anual já ultrapassa US$ 4 trilhões e pode atingir US$6,4 trilhões até o prazo determinado.

Guterres destacou que “orçamentos são escolhas”. Ele apelou aos países para que redirecionem ao menos uma fração dos gastos militares atuais para fechar “lacunas vitais”.

Isso significaria colocar crianças na escola, fortalecer a atenção primária à saúde, expandir a energia limpa e a infraestrutura resiliente e proteger os mais vulneráveis.

Prejuízos para serviços públicos e geração de empregos

O relatório mostra ainda que o aumento dos gastos militares, fez subir o peso das despesas de defesa de 2,2% para 2,5% do Produto Interno Bruto, PIB, global em apenas dois anos.

Em muitos casos, este aumento tem impacto direto em setores vitais. Um acréscimo de 1% na despesa militar em países de rendas baixa e média corresponde a quase a mesma redução em serviços públicos de saúde, fragilizando a preparação para pandemias e programas de saúde essenciais.

Além disso, os estudos indicam que cada trilhão de dólares aplicad no setor militar gera cerca de 11,2 mil empregos. No entanto, o mesmo montante investido em educação cria 26,7 mil postos de trabalho, 16,8 mil em energia limpa e 17,2 mil em saúde.

A alta representante da ONU para Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, afirmou que é necessária uma nova visão de segurança, centrada nas pessoas e enraizada na Carta das Nações Unidas, “que proteja vidas, e não apenas fronteiras”.

A missão de paz da ONU no Líbano patrulha a Linha Azul com o exército libanês

Defesa mais eficaz contra os conflitos

Já para o administrador interino do Progranma das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, Haoliang Xu, o investimento no desenvolvimento é um “verdadeiro motor da segurança”.

Segundo ele, quando as pessoas têm acesso a educação, saúde, oportunidades econômicas e podem viver com dignidade, “as sociedades tornam-se mais pacíficas e resilientes

O relatório faz um apelo claro à comunidade internacional para recalibrar estratégias de segurança e desenvolvimento, reforçar a diplomacia e reinvestir em cooperação multilateral.

O apelo enfatiza que o desenvolvimento sustentável e inclusivo é a defesa mais eficaz contra o conflito.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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