A abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, em Belém, foi marcada por um clima de otimismo, com a apresentação de novos planos nacionais nos últimos dias, elevando para 113 o número de países comprometidos com ações para reduzir o aquecimento global. Juntas, essas nações concentram 69% das emissões de gases nocivos na atmosfera.
Em uma análise preliminar a Comissão das Nações Unidas para a Mudança Climática, Unfccc, declarou que com essa atualização, as emissões de gases que causam o efeito estufa devem cair 12% até 2035.
“Não podemos romper a barreira de 1,5°C”
Em outubro, apenas 64 países haviam entregado os planos, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas, NDCs, e a projeção de redução era de 10%.
O presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, destacou em seu discurso que “a mudança do clima não é ameaça para o futuro, mas sim uma tragédia do presente”, citando como exemplos recentes o furacão Melissa no Caribe e o tornado que atingiu o Estado brasileiro do Paraná, na semana passada. Lula destacou preocupação com o ritmo lento da ação climática e com a propagação de desinformação.
“A COP 30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidencias da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam ódio, espalham medo, atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas. Sem o Acordo de Paris o mundo estaria fadado a um aquecimento catastrófico da quase 5°C até o fim do século. Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada. No ritmo atual ainda avançamos rumo a um aumento superior a 1,5°C na temperatura global. Não romper essa barreira é um risco que não podemos correr”.
Participantes chegam para o primeiro dia da COP30 em Belém, Brasil
Dependência de combustíveis fósseis
Segundo Lula, o chamado à ação do Brasil, inclui um apelo pela implementação de NDCs ambiciosas, com a devida ênfase na adaptação aos efeitos da mudança do clima.
O anfitrião da COP30 disse que os líderes mundiais precisam criar um “mapa do caminho para que a humanidade, de forma justa e planejada, supere a dependência dos combustíveis fosseis e reverta o desmatamento e mobilize os recursos para esses fins”.
Durante a reunião de líderes que antecedeu a COP30, o Brasil anunciou a criação de um fundo para financiar a transição energética de países em desenvolvimento, com recursos da exploração de petróleo.
Avanços na reunião de líderes
No encontro de líderes internacionais, realizado em 6 e 7 de novembro em Belém, foram angariados US$ 5,5 bilhões para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, Tfff, lançado pelo Brasil. O evento gerou compromissos coletivos sobre direito da posse da terra por povos indígenas, quadruplicação da produção de combustíveis sustentáveis, alinhamento da ação climática ao combate a fome pobreza e à luta com o racismo ambiental.
A decisão do Brasil de realizar a COP30 no coração da Amazônia proporciona ao mundo conhecer a realidade do bioma mais diverso do mundo, que abriga mais de 50 milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas, com “imensos desafios sociais e econômicos”.
Emissões estão dobrando para baixo
Ao discursar na abertura, o secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, afirmou que negociações e acordos feitos durantes as COPs estão fazendo curva de emissões de gases do efeito estufa “dobrar para baixo”.
Ele reconheceu que ainda existe muito trabalho a ser feito, mas lembrou que a cidade de Belém pode servir como fonte de inspiração por abrigar “a foz do poderoso Rio Amazonas”.
Stiell ressaltou que o rio “não é uma entidade única, mas sim um vasto sistema fluvial sustentado e alimentado por mais de mil afluentes”. Segundo ele, a implementação de tudo aquilo que é decidido nas COPs também deve ser “impulsionada por diversas vertentes de cooperação internacional”.
O secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, discursa na abertura da COP30 em Belém, Brasil
“Nenhum país pode resolver o problema sozinho”
O chefe do Unfccc enfatizou que nenhum plano nacional é capaz de resolver o problema sozinho e que “nenhum país do mundo pode arcar com o custo de desastres climáticos que reduzem o Produto Interno Bruto, PIB, em dois dígitos”.
Para ele, é “imperdoável” que eventos extremos continuem dizimando milhões de vidas num momento em que já exsitem soluções.
Stiell ressaltou ainda que “não faz sentido econômico ou político” cruzar os braços “enquanto secas catastróficas destroem as colheitas nacionais, fazendo com que os preços dos alimentos disparem”.
Como temas de destaque para as negociações que começam nesta segunda-feira, ele mencionou a transição justa e ordenada para longe dos combustíveis fósseis, e acordos para triplicar a capacidade de energias renováveis e dobrar a eficiência energética.
Ciência e ação
Além disso, ele disse que é preciso avançar na avançar mobilização de US$ 1,3 trilhão anuais para ação climática em países em desenvolvimento, aprovar indicadores para acelerar a meta global de adaptação e avançar com o Programa de Ação para a Transição Justa e o Programa de Implementação de Tecnologia.
O presidente da COP30, André Correa do Lago, assumiu a liderança dos trabalhos e declarou aberta a sessão ao som de uma apresentação musical do povo indígena Guajajara reconhecendo o papel dos povos indígenas como guardiões da Amazônia.
Ele pediu que essa seja a COP de implementação, adaptação, integração do clima na economia e, mais do que tudo uma COP que vai ouvir e acreditar na ciência, ressaltando que essa será “a COP da verdade”.
*Felipe de Carvalho é enviado especial da ONU News a Belém.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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