A crise de deslocamento forçado no mundo já atinge 123 milhões de pessoas e requer uma resposta diplomática urgente. Essa foi a principal mensagem do alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, durante discurso no Conselho de Segurança, nesta segunda-feira.
Ele lamentou que o mundo atravesse uma “época de guerra”, citando os conflitos que arrasam locais como Sudão, Ucrânia, Mianmar, Gaza, Sahel, República Democrática do Congo e Haiti.
Civis encurralados e alvejados no Sudão
O alto comissário criticou a perda do respeito pelo direito internacional humanitário e lembrou que o mandato do Conselho de Segurança é “prevenir e deter guerras e manter a paz e a segurança”.
Grandi enfatizou que o órgão “tem falhado sistematicamente em sua missão”.
Ele chamou atenção para a dramática crise humanitária no Sudão, onde um terço da população foi deslocado em apenas dois anos. Em uma visita recente à fronteira entre o Sudão e o Chade, ele ouviu relatos de mulheres e crianças que fugiram de violências indescritíveis.
Segundo Grandi, em Darfur, civis são regularmente impedidos de fugir das áreas perigosas e acabam sendo “ativamente alvejados”.
O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, informa os membros do Conselho de Segurança da ONU
Migração rumo à Europa
O líder do Agência da ONu para Refugiados, Acnur, citou relatos recentes de ataques contra civis dentro e ao redor de campos de deslocados, onde a entrega de ajuda humanitária representa não apenas um desafio de segurança e logística, como no restante do país, mas também um “pesadelo burocrático combinado com políticas tóxicas”.
Ele elogiou a coragem de países vizinhos como o Chade e o Sudão do Sul, que continuam acolhendo refugiados apesar da insuficiência de recursos.
O alto comissário alertou ainda que o conflito no Sudão poderá se expandir se não forem encontradas soluções políticas imediatas. Ele advertiu que já existem mais de 200 mil sudaneses na Líbia, muitos dos quais podem seguir em direção à Europa.
Ucrânia, Mianmar e Síria: crises simultâneas
Ao abordar a situação na Ucrânia, onde mais de 10 milhões de pessoas estão deslocadas, sendo 7 milhões refugiados, Grandi reforçou a necessidade de uma paz justa para permitir retornos seguros e sustentáveis.
Sobre Mianmar, ele elogiou a recente iniciativa de Bangladesh para dialogar com as partes em conflito no estado de Rakhine, buscando criar condições que permitam o retorno voluntário dos refugiados Rohingya.
Grandi convidou o Conselho a “pensar de forma diferente” e a aproveitar essa oportunidade, ainda que mínima, para avançar.
Para ele, na Síria, o retorno recente de deslocados internos e refugiados oferece um sinal de esperança após 14 anos de guerra. No entanto, o chefe do Acnur advertiu que esse processo depende da vontade política internacional, incluindo a flexibilização de sanções, o apoio à reconstrução, os investimentos e a manutenção da ajuda humanitária.
A ameaça à ajuda humanitária
Grandi alertou sobre a redução dramática do financiamento humanitário no mundo.
Ele afirmou que “ajuda é estabilidade”, alertando que abandonar refugiados e países anfitriões pode agravar a instabilidade global.
Por fim, o alto comissário defendeu a importância do multilateralismo, afirmando que mesmo que “às vezes seja lento ou imperfeito, o diálogo multilateral é essencial para construir soluções duráveis”.
Ele pediu aos Estados-membros do órgão que não abandonem a mesa de negociações e cumpram a responsabilidade de acabar com guerras e possibilitar a paz.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
To submit your press release: (https://www.globaldiasporanews.com/pr).
To advertise on Global Diaspora News: (www.globaldiasporanews.com/ads).
Sign up to Global Diaspora News newsletter (https://www.globaldiasporanews.com/newsletter/) to start receiving updates and opportunities directly in your email inbox for free.