A Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria publicou, na quinta-feira, um relatório sobre a onda de violência que tomou conta da costa e do centro-oeste do país a partir de janeiro.

O levantamento conclui que os atos cometidos podem configurar crimes de guerra.

Atos horríveis foram divulgados em redes sociais

A violência teve como alvo principal as comunidades alauítas, um grupo étnico-religioso que representa pelo menos 10% da população da Síria, e era associado, em grande parte, ao ex-presidente do país, Bashar Al-Assad.

Os atos culminaram em massacres, no início de março, incluindo assassinato, tortura, atos desumanos relacionados ao tratamento dos mortos, saques generalizados e queima de casas.

Alguns desses atos horríveis foram filmados e divulgados nas redes sociais, juntamente com imagens de civis sendo abusados e humilhados.

Os crimes foram perpetrados por membros das forças do governo interino e indivíduos, bem como por combatentes a favor do ex-presidente Al-Assad, os chamados “remanescentes”.

O presidente da Comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, afirmou que “a escala e a brutalidade da violência documentada são profundamente perturbadoras”.

Expansão de esforços para prender os responsáveis

Ele enfatizou o pedido às autoridades interinas pela responsabilização de todos os envolvidos, independentemente de afiliação ou posição.

Pinheiro declarou que embora dezenas de supostos autores de violações tenham sido presos, a escala da violência documentada no relatório “justifica a expansão de tais esforços”.

Um Inquérito Nacional, nomeado pelo presidente interino em 9 de março, informou em 22 de julho que havia identificado preliminarmente 298 suspeitos de facções militares e 265 ligados a grupos armados associados ao antigo governo.

Unicef/Diego Ibarra Sánchez/MeMo

Um jovem rapaz está em meio às ruínas de uma sala de aula em Douma, destruída durante a guerra civil síria.

Cadáveres deixados nas ruas

O levantamento identificou um padrão perturbador de assassinatos documentados em vários locais.

Os corpos foram deixados nas ruas por dias, com as famílias impedidas de realizar enterros de acordo com os ritos religiosos, enquanto outros foram enterrados em valas comuns sem a devida documentação.

Os hospitais ficaram sobrecarregados à medida que os cadáveres se acumulavam. Em uma fase anterior da violência, ataques de combatentes pró-ex-governo deixaram as instalações médicas em Tartus e Latakia lotadas.

Violência sistemática

A Comissão constatou que as forças do governo interino, em alguns casos, procuraram impedir as violações e evacuar e proteger os civis.

No entanto, membros de certas facções, recentemente incorporadas às forças de segurança, realizaram execuções extrajudiciais e tortura contra civis em várias aldeias e bairros de maioria alauíta de uma maneira “generalizada e sistemática”.

A Comissão documentou padrões consistentes de violência contra a população civil em vários locais, que incluíram alvos com base em afiliação religiosa, idade e gênero, bem como execuções coletivas.

Acesso a valas comuns

As conclusões da Comissão são baseadas em extensas investigações, incluindo mais de 200 entrevistas com vítimas e testemunhas.

O órgão investigativo agradeceu o acesso irrestrito concedido pelas autoridades provisórias às áreas afetadas em Latakia e Tartus em junho de 2025, incluindo a uma série de funcionários, bem como a três valas comuns.

A Comissão continua recebendo informações sobre violações em andamento em muitas das áreas afetadas, incluindo sequestros de mulheres, prisões arbitrárias e desaparecimentos forçados, bem como saques contínuos e ocupação de propriedades.

A violência extrema aprofundou as divisões existentes entre as comunidades, contribuindo para um clima de medo e insegurança entre muitos sírios em todo o país.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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