Após uma carreira bem-sucedida no jornalismo, cobrindo o Congresso Nacional e Embaixadas na Capital Federal, a repórter brasileira Valdivia Beauchamp, decidiu se dedicar a ficções históricas.
Em entrevista para o Podcast ONU News, Valdivia conta que adorava trabalhar com televisão por ter mais oportunidade de improvisar. Durante essa fase de sua carreira, ela entrevistou grandes nomes da política internacional. E foi aí, que a paixão pela literatura foi ganhando novos contornos.
Podcast ONU News com Valdivia Beauchamp
Do Congresso a Noronha
“Entrevistei sim Jimmy Carter quando esteve no Brasil em 1977. Depois recebi uma carta linda dele de agradecimento. Giscard d’Estaing (ex-presidente da França) esteve lá também, Helmut Kohl da Alemanha esteve lá também. Eu tive um programa chamado Primeiro Plano, onde eu fazia entrevistas com políticos. Nessa época, no Congresso Nacional, nós tínhamos 18 partidos. Imagine, você perdia a noção de quem pertence a qual, entende? Mas era muito dinâmico”.
Valdivia Beauchamp nasceu no Recife, no nordeste do Brasil. Em 1964, mudou-se para os Estados Unidos, mas retornou ao Brasil na década de 70. Antes de ingressar no jornalismo, ela foi coordenadora cultural da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, a Casa Thomas Jefferson de Brasília.
Conhecida pela criatividade na escrita e nas apresentações ao vivo, ela lembra que ao ser destacada para entrevistar o pastor e evangelista dos Estados Unidos, Billy Graham, decidiu explicar o que ele fazia de forma espontânea: “CEO da Fé”. “Foi o que me ocorreu na hora”, lembra sorrindo.
A carreira em notícias a levou à extinta TV Tupi e à Revista Manchete, ambas no Rio de Janeiro.
Formada em jornalismo com mestrado em Literatura, Valdivia teve uma oportunidade inusitada de trabalhar com rádio e TV na ilha de Fernando de Noronha, no final dos anos 80. Até então, um arquipélago por explorar.
Na época, o local possuía cerca de 200 habitantes e não havia sinal de telefone. O então governador, Fernando Mesquita, iniciou a instalação de uma rede de telefonia e com isso Valdívia aproveitou a oportunidade para que a população interagisse com seu programa de rádio. O programa não demorou muito para virar sucesso de audiência.
“Então, de repente, a ilha toda me telefonava porque queria falar com alguém. Foi um negócio que revolucionou um pouco o negócio lá, mas foi muito interessante porque a ilha cresceu, o povo aprendeu a usar o telefone e ficou acostumado a me telefonar para isso, aquilo e aquilo outro”.
Arquipélago de Fernando de Noronha no Brasil
Omissão intrigante sobre base no Brasil
Após anos no Brasil, retornou para os Estados Unidos, onde trocou o noticiário pela literatura sem jamais abandonar a língua portuguesa. Sobre a trajetória como escritora, Valdivia Beauchamp explicou que gosta de focalizar seus livros na comemoração de datas relevantes.
Ela comentou a obra “Parnamirim, Base Norte-Americana nos Trópicos – 1939-1945. Uma História Inclusiva”, que foi lançada no aniversário de 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
Trata-se de um trabalho ficcional, que utiliza elementos históricos ligados ao período do conflito e explora a importância da base militar dos Estados Unidos localizada em Natal, no Rio Grande do Norte.
Tal como a protagonista do livro, a escritora se sentiu surpresa com a pouca informação disponível em relação a essa base, inclusive nas próprias bibliotecas dos Estados Unidos e de outros países.
“Por que omitir a Base Aérea no Brasil? Ninguém sabe da Base Aérea no Brasil. Você vai na França, ninguém nunca ouviu falar. Você vai na Inglaterra, ninguém nunca ouviu falar. Então é uma coisa assim que ninguém entende. Porque eu acho que no final da história todo mundo chega à conclusão de que o problema foi um problema político”.
Ela afirmou que suas pesquisas indicam que aquele ponto no mapa do Brasil tinha uma importância estratégica enorme para ambos os lados do conflito mundial, mas os Estados Unidos se anteciparam em se aproximar do governo brasileiro.
Apoio a outras escritoras
Para criar esta obra ela pesquisou uma enorme bibliografia e entrevistou veteranos no Brasil e outros países.
O livro foi lançado em português, francês, inglês, italiano, alemão e russo.
Além de escrever, Valdívia Beauchamp se dedica hoje a ajudar escritoras iniciantes a encontrarem espaço no mercado editorial.
Ela realiza cursos e workshops onde compartilha sua vasta experiência para que outras mulheres também consigam viver da escrita.
Valdivia foi professora assistente de Universidades nos Estados Unidos, onde concluiu seu mestrado em Literatura Espanhola Medieval.
*Felipe de Carvalho é redator da ONU News Português.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
To submit your press release: (https://www.globaldiasporanews.com/pr).
To advertise on Global Diaspora News: (www.globaldiasporanews.com/ads).
Sign up to Global Diaspora News newsletter (https://www.globaldiasporanews.com/newsletter/) to start receiving updates and opportunities directly in your email inbox for free.