O Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Sudão do Sul chama a atençao para um cenário que “continua a degradar-se drasticamente”, apesar de estar longe dos holofotes internacionais.
Em Genebra, a chefe de delegação, Florence Gillette, disse a jornalistas que após dois anos e meio no terreno, o país enfrenta crises simultâneas.
Primeiro, o impacto direto do conflito no vizinho Sudão, que levou mais de 1,2 milhão de pessoas a cruzarem a fronteira, e uma nova escalada de confrontos internos, agravada pela fragilidade dos serviços de saúde, pela insegurança e pela redução da ajuda humanitária.
Hostilidades em expansão e aumento das vítimas civis
Segundo a Cruz Vermelha, os confrontos entre o governo do Movimento de Libertação do Povo do Sudão, Splm, e as forças debeldes do Splm-em-Oposição voltaram a intensificar-se apesar do acordo de paz de 2018. Sete dos 10 estados do país registaram episódios de violência desde o início do ano.
A entidade humanitária chamou atenção para o uso crescente de meios aéreos, incluindo aeronaves, bombas de barril, dispositivos incendiários, helicópteros de ataque e drones. As ações provocaram mortos e feridos e forçaram o deslocamento de cerca de meio milhão de pessoas em 2024.
Funcionários da Cruz Vermelha trataram quase mil feridos graves desde janeiro, em quatro localidades, além das mais de 25 mil cirurgias realizadas em mais de 5 mil feridos por armas de fogo nos últimos oito anos.
A entidade alertou que estes números representam apenas “a ponta do iceberg”, devido às dificuldades de acesso a cuidados cirúrgicos.
Pessoas deslocadas pelas enchentes carregam crianças e pertences ao longo de uma estrada alagada em Bentiu, Sudão do Sul. (arquivo)
Pressão extrema sobre sistemas de saúde e acesso humanitário
Gillette destacou que o sistema de saúde do Sudão do Sul sofreu uma “redução drástica”, com várias estruturas encerradas ou incapazes de funcionar por falta de financiamento internacional e de recursos governamentais. O acesso a medicamentos básicos, como paracetamol e antimaláricos, é limitado.
As comunidades deslocadas estão frequentemente em áreas remotas sem água, cuidados médicos ou educação. A redução de financiamento obrigou organizações humanitárias a escolhas difíceis sobre prioridades.
Cortes na ajuda humanitária e de desenvolvimento nos últimos três anos, juntamente com a diminuição do apoio à proteção e à resposta à violência sexual, já têm causado impacto significativo. Acesso restrito, insegurança e desafios logísticos continuam a limitar a capacidade das equipas no terreno.
Pressão humanitária agravada pelo fluxo vindo do Sudão
Mais de 1,2 milhão de pessoas que fugiram do conflito no Sudão chegaram ao Sudão do Sul em condições muito precárias, muitas diretamente de zonas de combate e com sinais de graves violações.
A Cruz Vermelha também apoia pessoas com deficiência, incluindo recém-chegados que perderam dispositivos de mobilidade ou necessitam de adaptação ao chegar ao país.
Pessoas da comunidade transportando alimentos da zona de lançamento aéreo em Rupchai, no estado de Unity, no Sudão do Sul
Insegurança alimentar e perspectivas
De acordo com Gillette, cerca de 57% da população está na Fase 3 ou superior da Classificação Integrada de Segurança Alimentar, com previsões de agravamento nos próximos meses. A insegurança e o isolamento dificultam ainda mais o acesso às comunidades.
A representante alertou que novos cortes de financiamento, incluindo no sistema da ONU, podem comprometer a proteção de civis e a capacidade de resposta em regiões onde o conflito se intensifica, como as Três Regiões Equatoriais e partes do Alto Nilo.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
To submit your press release: (https://www.globaldiasporanews.com/pr).
To advertise on Global Diaspora News: (www.globaldiasporanews.com/ads).
Sign up to Global Diaspora News newsletter (https://www.globaldiasporanews.com/newsletter/) to start receiving updates and opportunities directly in your email inbox for free.



























