No Jardim Vasco da Gama, em Lisboa, junto à Presidência da República, uma tenda chama a atenção de quem por ali passa. Pertence à Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, com o objetivo de dar a conhecer a realidade das pessoas deslocadas à força.

No local, os visitantes podem sentir de perto o drama de quem é obrigada a fugir de suas casas. “Temos uma experiência sensorial onde as pessoas podem escutar os barulhos dos conflitos, das guerras, daquilo que uma pessoa forçada a fugir da sua casa escuta minutos antes de ter que fugir: barulho de bomba, guerra”, explica Soraya Ventura, diretora-geral da Fundação Portugal com Acnur, parceira da ONU.

Chegada e integração em Portugal

Na tenda familiar montada no local, com capacidade para uma família de sete integrantes, o objetivo é “sensibilizar as pessoas que passam pela região para a realidade das pessoas deslocadas à força dos seus países”.

Portugal tem sido elogiado internacionalmente pela forma como acolhe os refugiados, nomeadamente os ucranianos, afegãos e sírios, que são três das maiores comunidades deslocadas no país. Atualmente, o país acolhe mais de 68 mil pessoas refugiadas, incluindo 60 mil ucranianos. 

Além de mecanismos de proteção e documentação facilitada, o país promove iniciativas de integração que passam pela aprendizagem da língua portuguesa, programas educativos e inserção profissional.

Informar nas escolas

“O Acnur, em todos os países onde trabalha, também apoia a parte de tradução e intérpretes, e em Portugal não é diferente”, afirma a diretora-geral da fundação. Existem igualmente programas para o ensino do português, fundamentais para facilitar a inclusão social e profissional.

Portugal tem procurado dar resposta ao acolhimento, com o envolvimento de várias entidades, escolas e autarquias. “Trabalhamos em universidades e autarquias, explicando quem é essa pessoa refugiada ou deslocada. As crianças são muito interessadas, querem saber de onde o colega veio, por que ele está aqui, como ele saiu do país”.

Interior de uma tenda da Acnur numa ação de sensiblização em Lisboa

Sensibilizar para acolher melhor

A Fundação Portugal com Acnur atua não só na angariação de fundos para os programas da ONU, mas também na sensibilização da população portuguesa.

As equipas da fundação estão nas ruas de Lisboa, Porto e Braga. “Além de angariar fundos, essas pessoas que estão treinadas pela equipa estão falando sobre quem é essa pessoa refugiada, quais são as emergências do Acnur, por que é tão importante conhecer um refugiado, que é alguém que sai do seu país por motivos de guerra, conflitos, perseguições ou violações aos direitos humanos”.

O mundo em deslocação

A crise dos refugiados não é um fenómeno isolado. Segundo dados da ONU, em 2025 existem mais de 122 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo. Destas, mais de 40 milhões são refugiadas, sendo que 40% são crianças.

Uma em cada 67 pessoas no mundo vive atualmente em situação de deslocamento forçado. São 7 milhões a mais do que no ano passado, o que representa um aumento de 6%.

O Relatório de Tendências Globais 2025, divulgado no mês de junho pelo Acnur, revela também que as principais nacionalidades afetadas são sudaneses, sírios, afegãos e ucranianos, representando mais de um terço da população deslocada globalmente.

Kits de dignidade e colchões e mantas normalmente distribuídos às famílias forçadas a fugir

Viver sem medo

A crise no Sudão é atualmente “a maior crise de deslocamento que tem, são quase 15 milhões de pessoas”, sublinha Soraya Ventura, destacando ainda as situações graves em Gaza, Líbano, Mianmar, Haiti e Ucrânia.

Apesar dos números alarmantes, o desejo de quem foge é unânime. “Se você perguntar para qualquer pessoa refugiada qual é o maior sonho, é sempre voltar para o país de origem, desde que tenha condições de viver em paz, sem ser perseguida, sem risco de vida, poder ter uma vida digna, sem medo”, resume.

Portugal e o apelo à solidariedade

O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou o Dia Mundial do Refugiado, que se assinalou a 20 de junho, com um apelo à solidariedade ativa para com quem procura proteção em Portugal.

“Este é o momento para demonstrar solidariedade para com os refugiados que procuram Portugal”, afirma numa mensagem publicada no site da Presidência, rejeitando “visões egoístas da comunidade”.

O chefe de Estado português associou-se ao apelo da ONU que pede união em torno dos refugiados. “Honrar as suas histórias e mostrar apoio inabalável à sua situação” é, segundo o Presidente, um dever que exige “priorizar um princípio de humanidade compartilhada”.

*Sara de Melo Rocha é correspondente da ONU News em Lisboa. 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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