OMS preocupada com surtos urbanos de febre amarela nas Américas

A Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, emitiu um novo alerta sobre febre amarela nas Américas. A agência afirma que o risco para a saúde pública permanece alto devido à continuidade de casos em países endêmicos da região.

Os primeiros cinco meses de 2025 registraram um aumento de mais de oito vezes em notificações se comparado ao mesmo período do ano passado.

Brasil lidera número de casos e mortes

No total, os países relataram 221 casos humanos confirmados de febre amarela, incluindo 89 mortes. Em comparação, em todo o ano passado, houve 61 casos humanos e 30 óbitos.

O Brasil lidera o ranking com 110 notificações e 44 mortes, seguido por Colômbia, Peru, Equador e Bolívia.

A Opas está preocupada com as ocorrências fora da região amazônica em áreas como no estado de São Paulo, no Brasil e no Departamento de Tolima, na Colômbia.

A agência alerta que a ocorrência de febre amarela silvestre perto de áreas densamente povoadas aumenta o risco de um surto urbano, como foi o caso em 2016 a 2018.

Queda na cobertura vacinal

Quase todos as infecções este ano e no passado ocorreram em indivíduos não vacinados. Antes da pandemia de Covid-19, a imunização contra a febre amarela nos países endêmicos da região variava de 57% a 100% entre crianças de 9 a 18 meses.

No entanto, 10 dos 12 países endêmicos tiveram taxas de cobertura abaixo dos 95% recomendados. Entre 2020-2023, essas taxas diminuíram ainda mais, deixando uma proporção substancial da população desprotegida.

O fornecimento global limitado de vacinas contra a febre amarela continua a representar um desafio, com os suprimentos atuais incapazes de cobrir a demanda nas Américas e na África.

Para a Opas, é preciso: fortalecer a vigilância, vacinar grupos em risco e as estratégias de comunicação em comunidades afetadas e para viajantes a áreas onde a vacinação é recomendada.

A agência também fornece apoio técnico para otimizar as estratégias de vacinação. Isso inclui o uso de doses fracionadas, quando apropriado, e a identificação das populações de maior risco e com maior necessidade de imunização.

Características da doença

A febre amarela é uma doença hemorrágica aguda endêmica em áreas tropicais das Américas e da África. Nas Américas, é comumente transmitida por mosquitos silvestres pertencentes às espécies Haemogogus e Sabethes.

Os sintomas geralmente aparecem de 3 a 6 dias após a picada de um mosquito infectado e incluem febre, dores musculares, dor de cabeça, calafrios, perda de apetite, náuseas e vômitos.

Cerca de 15% das pessoas infectadas apresentam febre alta, danos aos órgãos e, às vezes, morte.

A Opas segue monitorando a situação e apoiando os países na adoção das melhores estratégias para prevenir e responder aos surtos de febre amarela.