Líder da ONU pede que países apoiem missões de paz voltadas para o futuro

As Nações Unidas precisam, mais do que nunca, de uma força de manutenção da paz totalmente atualizada para os desafios de agora e do amanhã. A afirmação é do secretário-geral, António Guterres, que participa de uma reunião de alto nível com Estados-membros em Berlim, na Alemanha.

Guterres ressaltou na abertura da Conferência Ministerial das Operações de Paz da ONU que o mundo vive hoje a maior quantidade de conflitos desde a fundação das Nações Unidas.

Missões de paz representam 0,5%, dos gastos militares globais

O número de pessoas fugindo por fronteiras em busca de segurança atingiu novos recordes.

Segundo Guterres, as operações de paz representam uma pequena fração, de 0,5%, dos gastos militares globais, e são uma das “ferramentas mais eficazes e econômicas” para construir estabilidade e segurança em nível internacional.

Mesmo com os países-membros arcando com o orçamento das operações de paz e dividindo a conta, ainda existem sérios problemas de caixa.

O líder da ONU lembra que a força dessas operações “depende do comprometimento dos Estados-membros com elas”. E é “absolutamente essencial” que todas as nações respeitem suas obrigações financeiras e paguem em dia.

Nesta quarta-feira, os países presentes na conferência irão anunciar suas promessas de contribuição financeira.

Três prioridades para o futuro

O secretário-geral ressaltou que as missões também enfrentam dificuldades em contextos onde o apoio político e as metas são “inexistentes ou ilusórios”.

Ele propôs três ações prioritárias no processo de renovação das missões de paz. A primeira é uma revisão geral para que as operações se tornem mais “adaptáveis, flexíveis e resilientes”, de modo que consigam responder às especificidades de cada conflito.

A segunda é garantir que quaisquer novos mandatos definidos pelo Conselho de Segurança sejam priorizados e alcançáveis ​​com os recursos disponíveis e com uma estratégia de saída clara.

A terceira é assegurar apoio adequado e unificado dos Estados-membros, incluindo “liderança forte, tropas bem treinadas, equipamentos e tecnologia”, e investir mais em soluções políticas para os conflitos.

Serviço e sacrifício dos capacetes azuis

Guterres destacou que em diversas zonas de guerra pelo mundo, os capacetes azuis podem significar a diferença entre a vida e a morte e representam uma “demonstração clara do poder da ação multilateral”.

Ele disse que há uma longa lista de países que alcançaram uma paz duradoura com o apoio das Forças de Paz da ONU, incluindo Camboja, Cote d’Ivoire ou Costa do Marfim, El Salvador, Libéria, Namíbia, Moçambique, Serra Leoa e Timor-Leste.

Muitos desses países agora contribuem com tropas.

O líder da ONU também enfatizou que ao longo das décadas, 4,4 mil soldados de paz morreram durante as missões.