O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, falou ao Conselho Diretor da entidade sobre as tentativas de um acordo que garanta a natureza pacífica do programa nuclear do Irã.

Grossi contou ao grupo que está atuando com os Estados Unidos e o Irã sobre o tema que foi discutido também durante viagens a trabalho que realizou ao Egito, na semana passada.

Três locais não declarados

Ele se encontrou com o presidente do país, Abdel Fattah El-Sisi, e outras autoridades egípcias.

O chefe da Aiea apresentou ao Conselho o Relatório Anual 2024, da agência, e as Salvaguardas do Acordo de Não-Proliferação Nuclear com o Irã como resposta à resolução do órgão, em novembro.

A agência constatou a produção de urânio em pelo menos três locais não-declarados à Aiea: Varamin, Marivan e Turquzabad.

Grossi afirmou que esses sítios teriam atividades que foram realizadas até o início dos anos 2000 e que o material contido ali é nuclear e não declarado.

Relatório da Aiea aponta não haver mais dúvidas sobre a presença de urânio altamente enriquecido detectado

Finalidades do programa nuclear

Ele pediu às autoridades iranianas que cooperem inteiramente com a Aiea e que contribuam para assegurar que as finalidades do programa nuclear são inteiramente pacíficas.

A Aiea tem o papel de verificar atividades nucleares e acordos sobre o tema.  Mas o Irã não ou não tem respondido aos pedidos da agência de esclarecimento sobre as recentes atividades, ou envia respostas não credíveis, do ponto de vista técnico, ou altera as localizações de enriquecimento de urânio, o que impede o trabalho da agência da ONU.

O líder da Aiea lembra que a decisão unilateral do Irã de suspender a implementação do Código 3.1 modificado levou a uma redução significativa da capacidade de verificação. O passo também viola a obrigação do Irã no Acordo de Salvaguardas.

Aiea aposta em solução diplomática

Mariano Grossi acredita que o assunto é tema de “preocupação séria” somada à complexidade do tema.

Para ele, a Aiea não pode ignorar o armazenamento de mais de 400kg de urânio altamente enriquecido.

Ele pediu às autoridades do Irã que cooperem com a agência e que a única maneira de prosseguir é através de uma solução diplomática, que seja fortemente apoiada por um arranjo de verificação da Aiea. Ele prometeu seguir trabalhando com os Estados Unidos e com o Irã nessa área para que uma situação estabilizada sobre o programa nuclear do Irã possa levar o Oriente Médio para mais perto da paz e da prosperidade.

Ao falar do desempenho da agência no ano passado, Rafael Mariano Grossi ressaltou o trabalho da Aiea como um faro de excelência científica, cooperação internacional e tecnologia.

Chefe da Aiea se mostrou encorajado pelo avanço do Brasil na direção de finalizar a usina de energia nuclear Angra 3

Centros de radiologia

Em 2024, a agência apoiou o programa de cooperação técnica de 151 países e territórios. A Aiea também promove bolsas de estudo e treinamento em energia nuclear e outros temas.

Uma das áreas de atuação é o programa Raios de Esperança de combate ao câncer que já chega a quase 100 países com tecnologia de radiação para detecção da doença além de providenciar expertise e equipamento para exames de mamografia. Em 2024, foram enviadas máquinas Spect-ct para Benin e Senegal.  Unidades inteiras de mamografia foram recebidas por países na América Latina além de treinamento a 80 profissionais ao redor do globo.

Doenças zoonóticas e inteligência artificial

Este ano, a Aiea focará em água para o seu Fórum Científico anual, que é realizado às margens de sua sessão regular da Conferência Geral, em Viena.

A agência prossegue com a iniciativa Zodiac sobre doenças zoonóticas e deve mobilizar uma plataforma sobre vigilância patogênica movida por inteligência artificial, IA, à Ásia e à África. A agência da ONU também está atuando contra poluição plástica em vários países. Uma outra tarefa é propulsão naval nuclear com Austrália e Brasil.

Rafael Mariano Grossi condenou atividades pela Coreia do Norte de seu programa nuclear, que segundo o diretor-geral viola as resoluções do Conselho de Segurança sobre o tema.

Ao mencionar os benefícios da energia nuclear contra mudança climática, ele lembrou que o mundo tem 416 reatores nucleares operando em 31 países. Isso fornece apenas 10% de toda a eletricidade mundial e um quarto desse número é fornecimento de baixo carbono.

Brasil elogiado por Angra 3

Mariano Grossi lembrou que a Europa está recobrando sua confiança na energia nuclear para descarbonização.  O chefe da Aiea se mostrou encorajado pelo avanço do Brasil na direção de finalizar a usina de energia nuclear Angra 3, assim como a Argentina com planos similares.

O diretor-geral da agência destacou sua 12ª; viagem à Ucrânia, onde se reuniu como o presidente do país, Volodymyr Zelensky sobre a segurança do complexo nuclear de Zaporizhzhya.

Em outubro, a Aiea pretende realizar sua primeira Conferência Internacional sobre Resiliência de Instalações Nucleares frente a Eventos Externos de uma Perspectiva de Segurança.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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