Ao longo de 2025, o mundo acompanhou o agravamento de conflitos armados, crises climáticas, e o impacto de cortes drásticos no financiamento humanitário, com consequências para milhões de pessoas. O avanço da inteligência artificial, IA, também trouxe novos riscos, incluindo o aumento da violência digital contra mulheres e meninas.

Apesar deste cenário, pessoas comuns protagonizaram ações extraordinárias. Desde parteiras a garantirem nascimentos seguros em zonas de guerra, a adolescentes que se apoiam mutuamente para evitar a gravidez precoce. Muitas pessoas demonstraram resiliência e recusaram desistir perante adversidades.

Organizações lideradas por mulheres e jovens

O Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, agência da ONU responsável pela saúde sexual e reprodutiva, trabalha com comunidades em mais de 150 países e territórios. Em 2025, a entidade aumentou o apoio a organizações de base lideradas por mulheres e jovens, que assumiram um papel central na defesa de direitos e na resposta a crises. 

No ano passado, mais de 42% dos gastos humanitários do Unfpa foram diretamente com parceiros locais em 71 países. Em 2026, a agência pretende aumentar ainda mais estas ações.

Uma mulher com seu bebê ouve a equipe do Unfpa durante uma sessão de conscientização sobre violência de gênero

Meninas afegãs têm novas oportunidades

Quando as meninas no Afeganistão foram proibidas de frequentar o ensino secundário em 2021, Meena viu os seus sonhos interrompidos. Em Cabul, continuou a estudar em casa, mas sentiu-se isolada e sem confiança.

Em 2024, encontrou apoio num centro juvenil apoiado pelo Unfpa no hospital Ataturk, que oferecia aconselhamento psicossocial e formação profissional. 

Após participar num programa de desenvolvimento de negócios, financiado pela União Europeia, Meena lançou sua própria loja online e passou a partilhar habilidades informáticas com a comunidade. 

Segundo ela, os programas mudaram completamente a sua vida e devolveram-lhe a esperança.

Luta contra mutilação genital feminina

Na Somália, Amina* chegou a um espaço seguro do Unfpa aos 13 anos, com complicações graves após ter sido submetida a mutilação genital feminina. Sem recursos financeiros, recebeu cuidados médicos que salvaram a sua vida e apoio para regressar à escola.

Cerca de 98% das mulheres e meninas na Somália foram submetidas a esta prática, reconhecida como violação dos direitos humanos. 

Só em 2023, o Unfpa ajudou mais de 260 mil pessoas a prevenir, evitar e recuperar da mutilação genital feminina. 

Desde 2008, o Programa Conjunto Unfpa-Unicef para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina já garantiu serviços de proteção e prevenção a 7,2 milhões de meninas e mulheres 

Nkiru Igbokwe, especialista em violência de género do Unfpa na Somália, afirma que “as jovens da Somália estão a redefinir o que é a proteção comunitária.”

As meninas estão impulsionando o bem e o crescimento em todo o mundo.

Partos seguros em zonas de guerra na Ucrânia

No sul da Ucrânia, Lyudmila deu à luz sua filha num bunker convertido em maternidade, após um ataque aéreo interromper a chegada ao hospital em Kherson. A estrutura foi construída e equipada com o apoio do Unfpa.

Durante o parto, os bombardeamentos continuaram, mas a bebé nasceu em segurança. Mais tarde, mãe e filha foram evacuadas pela Cruz Vermelha para outro hospital, onde a recém-nascida foi tratada antes de receber alta e ser enviada para casa.

Situações como esta tornaram-se parte da rotina dos profissionais de saúde na Ucrânia e em zonas de guerra, onde falhas de eletricidade e ataques aéreos ameaçam constantemente os serviços de saúde.

Agentes de saúde inspiram jovens a cuidar de outros

Na Zâmbia, Charity*, estudante de obstetrícia de 23 anos, desenvolveu uma fístula obstétrica após uma gravidez precoce e um parto prolongado sem assistência médica. 

Ela conta ter duvidado se “alguma vez iria recuperar ou voltar à escola”, mas Charity voltou ao hospital e inscreveu-se numa cirurgia reparadora, parte de um programa apoiado pelo Unfpa. Motivada pela gentileza que recebeu das parteiras, ela decidiu estudar a profissão.

“Quero ser um exemplo de que, por mais difíceis que sejam as circunstâncias, ainda é possível superá-las.”

Atualmente, é defensora da conscientização sobre a fístula obstétrica e usa a sua história para incentivar outras mulheres a procurar cuidados médicos e a evitar gravidezes precoces.

Cooperativa de Mulheres Artesãs do Gran Chaco (Comar)

Indígenas exigem que reconhecimento dos seus direitos

No oeste do Panamá, numa região remota habitada pelos grupos indígenas Ngäbe e Buglé, Eneida, grávida de nove meses, caminhou três horas para chegar a uma maternidade, que fornece alimentação, cuidados de saúde e transporte para serviços de parto seguros.

Este é um dos muitos centros de saúde sexual e reprodutiva criados pela Associação de Mulheres Ngäbe, que trabalhou com o Unfpa e o Ministério da Saúde para criar uma rede de profissionais de saúde, prestar cuidados e sensibilizar para a saúde materna, contracepção e nutrição infantil.

Elas levaram as demandas das indígenas ao sistema de saúde do governo, e conseguiram assegurar a presença de um intérprete no hospital local e treinamento dos funcionários para garantir que as mulheres não sejam submetidas a intervenções forçadas.

Geração Z exige mais proteção contra violência digital

Cada vez mais, os jovens estão a exigir legislação e medidas de proteção mais fortes. Com a expansão da IA, crimes como a criação de deepfakes tornaram-se mais frequentes e difíceis de punir.

Uma mulher de 23 anos em Bangui, na República Centro-Africana, disse ao Unfpa que esperava que os “decisores políticos criassem leis rigorosas contra o assédio online, sensibilizassem os jovens para os perigos da Internet e construíssem plataformas mais seguras.”

Em novembro de 2025, o Unfpa e parceiros realizaram o primeiro Simpósio Africano para construir alianças contra a violência de género online. 

Através do programa Tornar Todos os Espaços Seguros, apoiado pelo Governo do Canadá, estão a ser intensificados esforços para proteger mulheres e meninas em países como Benim, Gana, Quénia e Tunísia.

*Nomes foram alterados por privacidade e proteção

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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